Tolmasquim explica porque pré-sal não afeta matriz elétrica
O aumento da produção de petróleo na camada pré-sal não vai diminuir a perspectiva de crescimento da produção de álcool no país, afirmou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, durante seminário promovido nesta sexta-feira pela Associação de Analistas e Profissionais de Investimento do Rio de Janeiro (Apimec/RJ).
Publicado 04/09/2009 15:46
Para Tolamsquim, o pré-sal não afeta a matriz elétrica porque a tendência, com o aumento da produção de petróleo, é de exportar derivados. Ele acredita também que não haverá aumento do uso do petróleo no setor elétrico, porque as usinas térmicas a óleo são menos competitivas e poluem mais. "O petróleo do pré-sal, certamente, será exportado. A matriz elétrica continuará renovável. O pré-sal é muito importante, mas não muda a matriz", assegurou.
Ele lembrou que o uso principal do álcool é no transporte, onde o produto é bem competitivo. O álcool compete com a gasolina, com o barril de petróleo a US$ 40, afirmou. Como o Brasil tem uma política de manter os preços internos atrelados ao mercado internacional, Tolmasquim considerou difícil imaginar o petróleo com um valor menor que esse. Segundo avaliou, o álcool vai continuar sendo mais competitivo para os consumidores.
A EPE, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, está revendo a previsão de consumo de álcool que, de acordo com o Plano Decenal de Energia, atingirá 64 bilhões de l em 2017. Os estudos estão em curso. Tolmasquim estimou, no entanto, que o volume deve ficar um pouco abaixo desse número, "por causa da economia".
Segundo ele, o modelo regulatório do pré-sal foi discutido amplamente com toda a sociedade e a imprensa noticiou o novo modelo praticamente antes de seu anúncio pelo governo federal. "Portanto, o que saía nos jornais era acompanhado de comentários de especialistas de análises. O debate está ocorrendo há muito tempo. Não começou agora".
Discussção
O presidente da EPE afirmou que a indústria tem emitido opiniões sobre o modelo e poderá apresentar sugestões agora no Congresso. Ele avaliou que 90 dias são um tempo bastante razoável para fazer alterações no modelo, "se necessário". Pode ter bastante discussão em 90 dias". Tolmasquim disse que a Petrobras, como operadora do pré-sal, traz o grande benefício para o país de ter conhecimento melhor dos recursos estratégicos. Os investimentos que a empresa fará em pesquisa e desenvolvimento "podem ter o efeito, guardadas as proporções, da Nasa".
Tolmasquim também disse que ageração de energia eólica no Brasil pode ser maior do que a previsão inicial. Segundo ele, o potencial eólico do país é bem superior ao estimado e pode ser o dobro do que imaginava o governo inicialmente. As estimativas feitas no plano decenal apontavam para um potencial de 143 mil megawatts.
"As medições foram feitas com torres de 50 m, se usarem novas tecnologias, com torres de 80 m a 100 m, o vento será maior e não me surpreenderia se o potencial fosse o dobro do que está estimado aí", disse Tolmasquim.
Ele destacou que já estão em operação no País usinas eólicas que geram cerca de 385 megawatts e estão previstos mais 275 MW esse ano e outros 685 MW no ano que vem. "Do programa (Proinfa), a eólica foi sem dúvida a fonte que mais brilhou", destacou o presidente da EPE.
Audiências
Em 25 de novembro, a EPE vai promover um leilão de usinas eólicas a fim de contratar energia para os próximos 20 anos, sendo que a entrada em operação está prevista para 2012. Segundo ele, 441 empreendimentos solicitaram cadastramento no leilão perfazendo um total de 13 mil MW- 72% dos empreedimentos estão localizados no Nordeste do país.
"Os pedidos estão em análise técnica e não significa que todos vão ser habilitados, mas se metade conseguir podemos dizer que esse será o maior leilão já realizado até então", comemorou Tolmasquim. A usina hidrelétrica de Belo Monte, outro projeto prioritário do governo, deve ser licitado ainda esse ano, entre os meses de outubro e novembro, informou o executivo.
As primeiras audiências públicas para obter licenças ambientas para a unidade serão realizadas na próxima semana, considerada "decisiva" por Tolmasquim. "Se considerarmos que Itaipu é binacional, esse é o maior projeto da história do país. É uma usina fantátisca e extremamente competitiva", avaliou Tolmasquim, ao destacar que a unidade terá capacidade para gerar 11.233 MW.
Com informações da Agência Brasil