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Jornalista que jogou sapatos em Bush é libertado no Iraque

O jornalista iraquiano Muntazer Al Zaidi, que ganhou fama por ter jogado os sapatos contra o então presidente americano George W. Bush em dezembro de 2008 em Bagdá, deixou a prisão nesta terça-feira (15) depois de ter passado nove meses detido. Ao deixar a penitenciária ele afirmou ter sido torturado no cárcere e disse que o primeiro-ministro iraquiano lhe deve um pedido de desculpas.

"No momento em que o primeiro-ministro Nuri Al Maliki afirmava às redes de televisão que não dormiria até que tivesse garantias de meu destino, eu era torturado da pior maneira, agredido com cabos elétricos e barras de ferro", declarou o repórter.

Al Zaidi fez as declarações durante uma entrevista coletiva no prédio do canal de televisão Al Baghdadia, onde trabalhava antes de ser preso.

"Me abandonaram em um local onde não estava protegido do frio", acrescentou, antes de afirmar ter sido vítima do afogamento simulado, uma técnica de interrogatório utilizada pela CIA com os suspeitos de terrorismo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Para as organizações de defesa dos direitos humanos o que a CIA considerava uma técnica de interrogatório não passava de tortura. "Peço (ao premier Nuri Al Maliki) que apresente um pedido de desculpas por ter escondido a verdade", insistiu.

Ao deixar a penitenciária, ele foi recebido pelos antigos colegas e por uma pequena orquestra. Para celebrar o fato vários cordeiros foram degolados. "Não dormi durante a noite. Estou muito feliz de que ele esteja de novo conosco. Havia perdido a esperança", afirmou à AFP um de seus colegas, Basem al Andari.

"Quando os soldados americanos me prenderam em 2005 ele me ajudou e defendeu". "Ele se tornou ainda maior para nós depois do que aconteceu. Gostamos muito dele. Que Deus o faça feliz", disse outro colega, Assal Imad.

Ao tomar conhecimento da notícia, as irmãs do jornalista estavam em seu pequeno apartamento de dois quartos no centro de Bagdá. Elas gritaram, dançaram e bateram palmas para celebrar a libertação.

O advogado de Al Zaidi saudou a independência da justiça iraquiana. "Esta decisão prova que a justiça é honesta, independente e não está submetida a nenhuma pressão, interna ou externa", declarou Dia Al Saadi.

A libertação de Muntazer Al Zaida estava prevista para segunda-feira, segundo a família, mas foi adiada por motivos administrativos. Segundo os parentes, nos próximos dias Muntazer viajará ao exterior, em particular aos países árabes, para agradecer a todos que apoiaram seu gesto.

O jornalista deseja, ainda de acordo com a família, criar um centro para órfãos e viúvas, aos quais dedicou sua atitude durante a entrevista coletiva, com o dinheiro prometido por seus admiradores.

Muntazwe Al Zaidi, 30 anos, que trabalhava para um canal de TV iraquiano, ficou famoso no dia 14 de dezembro de 2008 ao jogar os dois sapatos contra Bush durante uma entrevista coletiva em Bagdá. O ex-presidente fazia a última visita ao país que suas tropas invadiram em 2003

Condenado em primeira instâcia a três anos de prisão por agressão contra um chefe de Estado em visita oficial, a pena foi reduzida a um ano na apelação. Graças ao bom comportamento na prisão ele teve a liberdade autorizada após nove meses.

Herói

O ato de al Zaidi transformou o desconhecido repórter televisivo em um herói instantâneo em grande parte do mundo árabe e do mundo islâmico, onde o ex-presidente dos Estados Unidos é impopular. O ato ganhou repercussão também por seu caráter extremamente ofensivo, já que exibir a sola dos sapatos nessa região já é considerado uma ofensa.

O ato de al Zaidi serviu para municiar novas manifestações. Atirar sapatos se tornou uma alternativa de protesto. Fotos de líderes políticos viraram alvo para chinelos, sapatos e tênis.
Herói
O ato de al Zaidi transformou o desconhecido repórter televisivo em um herói instantâneo em grande parte do mundo árabe e do mundo islâmico, onde o ex-presidente dos Estados Unidos é impopular. O ato ganhou repercussão também por seu caráter extremamente ofensivo, já que exibir a sola dos sapatos nessa região já é considerado uma ofensa.

O ato de al Zaidi serviu para municiar novas manifestações. Atirar sapatos se tornou uma alternativa de protesto. Fotos de líderes políticos viraram alvo para chinelos, sapatos e tênis. Veja abaixo vídeo com imagens de Bush desviando dos sapatos de al Zaidi:



Com agências