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Lula explicita estratégia para pautar campanha presidencial

Na entrevista que concedeu ao jornal Valor Econômico, o presidente Lula deixou mais clara sua estratégia para influir na campanha eleitoral do próximo ano, por intermédio da pauta do Executivo no Congresso Nacional. Os dois principais instrumentos mencionados pelo presidente, que já haviam sido anunciados anteriormente, são a consolidação dos programas sociais do governo e uma nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o período de 2011 a 2015.

"É ótimo que dê debate no ano eleitoral", explicitou o presidente na entrevista ao informar que não pedirá urgência ao projeto de lei que pretende encaminhar ao Congresso sobre a área social, que consagrará como permanentes políticas adotadas em seu período de governo, como as regras de reajuste do salário mínimo acima da inflação. Isso significa que Lula pretende não apenas influir no debate eleitoral, como também dar contornos definitivos à herança que deixará para o seu sucessor nos temas de interesse social.

Essa estratégia atende também a reivindicações dos setores sindicais que apoiam o governo e que enxergam riscos de revisão das medidas que fizeram valer no período dos dois mandatos de Lula. É uma resposta também a críticas como as que têm sido feitas pelo deputado e potencial candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PSB-CE) de que o governo atual teria negligenciado a institucionalização de suas práticas, que poderiam cair no vazio ao final de 2010.

No caso do PAC para o período de 2011 a 2015, que deverá ser enviado ao Congresso no início do próximo ano, quando a campanha eleitoral para a sucessão presidencial já estiver dominante no cenário político, o governo poderá apresentar uma mera carta de intenções a ser cumprida – ou não – pelo próximo presidente. A oposição terá
mais instrumentos para combater a iniciativa governamental sobre esse tema, já que o nível de execução das obras da primeira versão do PAC ainda é sofrível.

Na área social, no entanto, as lideranças oposicionistas terão mais dificuldades para se contrapor à proposta de consagração das políticas sociais em lei. Isso porque podem facilmente ser acusadas pelos governistas de tentar retirar ganhos concedidos às camadas mais pobres da população. Seria um mote perfeito para a pregação já
ensaiada pelo presidente Lula de que somente a candidatura governista garantiria a continuidade das políticas sociais – uma armadilha que a oposição deverá fazer tudo para evitar.

Agência Estado