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Por que internautas brasileiros preferem o Google e a Microsoft?

Serviços de Google e Microsoft respondem por praticamente 60% do tempo dispendido pelos brasileiros na internet durante o mês de julho, segundo a consultoria internacional comScore. Após revelar na segunda-feira (14) que ferramentas do Google — lideradas pela busca, Orkut e YouTube — correspondiam a 29,8% dos minutos gastos pelos brasileiros quando conectados à web, a consultoria afirmou que a Microsoft ocupa a liderança no quesito, responsável por 30,1%.

Em números absolutos, 26,4 milhões de usuários brasileiros únicos passaram um total de 13,9 milhões de minutos em sites da Microsoft, enquanto 24,9 milhões de internautas ficaram 13,8 milhões de minutos em serviços do Google. No total, a comScore computou 31 milhões de brasileiros com mais de 15 anos de idade que passaram 46,3 milhões de minutos na rede em julho.

Terceiro colocado, o UOL aparece com longínquos 1,4 milhão de minutos, o que corresponde a 3% do total navegado pelos internautas no Brasil. Em seguida estão os sites das Organizações Globo (Globo.com , com 2,8%), Terra NetWorks (1,6%), Yahoo (1,4%) e do grupo Brasil Telecom (iG, com 1,1%).

As audiências de Google e Microsoft são obtidas por meio de caminhos distintos, especialmente no que diz respeito à estrutura. Enquanto a Microsoft lidera em tempo navegado graças a dois produtos bem posicionados em suas áreas — o Hotmail e o MSN Messenger —, o Google aparece logo atrás com uma presença pulverizada em categorias com produtos relativamente novos.

Banda larga?

Mas o que faz com que o internauta brasileiro acesse serviços de Google e Microsoft de maneira tão retumbante? O diretor-geral da comScore para a América Latina, Andrew Lipman, relaciona a ascensão do Google ao desenvolvimento da infraestrutura de banda larga tanto no Brasil como na Índia. Segundo ele, o fato de mais brasileiros e indianos terem obtido acesso à internet rápida nos últimos anos ajudou na popularização dos serviços do buscador.

O Google Brasil rejeita a teoria, preferindo atrelar seu sucesso no Brasil à política da empresa de apostar em usabilidade, o que se traduz em interfaces simples pela qual o usuário não precisa se esforçar muito para se localizar. "De uma maneira ou outra, o internauta percebe que no Google é possível encontrar produtos que respondem às suas demandas", afirma o diretor de comunicação do Google Brasil, Félix Ximenes, para quem a explosão da banda larga no Brasil é fenômeno mais recente que a popularização do Google.

A teoria de Ximenes é endossada no exemplo de maior sucesso do Google no Brasil. Ao estudar as razões pela alta penetração da rede social Orkut em um mercado ainda caracterizado pela exclusão digital, pesquisadores contratados pelo Google descobriram que a interface simples da rede foi uma das razões do sucesso do Orkut no Brasil.

Ainda que tenha começado pela área de buscas ou pelo Orkut, a popularidade do Google também se alastrou para outras categorias. Um delas é a de blogs, principalmente em razão do pioneirismo de seu produto nessa área, o Blogger, lançado no Brasil pela Globo.com. A outra é a de multimídia, na qual o YouTube, empresa de sua propriedade, abocanha mais de 90% da visualização de vídeos no Brasil, número corroborado pela consultoria Ibope Nielsen Online.

No total, o Google domina quatro das categorias definidas pela comScore e riscos aparentes de ameaças no Brasil — busca, rede social, mapas e multimídia —, além de usufruir da liderança (em crescente disputa com o WordPress) em blogs.

O pioneirismo da Microsoft

Já a Microsoft se equilibra em dois principais produtos — que ocupam a liderança de suas categorias há mais tempo que a idade da operação brasileira do Google. "Sem dúvida o pioneirismo ajudou. Tudo que chega antes com produto de qualidade tem chance maior, desde que continue com inovações", explica o diretor-geral do Microsoft Online Services Group no Brasil, Osvaldo Barbosa.

Tanto Hotmail como MSN Live Messenger (ainda chamado de MSN Messenger, dada sua popularidade) não devem soar como nomes estranhos a qualquer internauta brasileiro. Ambos foram lançados em 1999 e, mesmo que tenham enfrentados ameaças no mercado brasileiro, se estabeleceram na liderança de suas categorias.

O Hotmail se mantém "mais ou menos estável" na categoria “e-mail” com 66% de participação, sem ameaça direta de outros serviços (Gmail incluído), afirma o executivo, citando dados também da comScore. Pesquisas internas encomendadas pela Microsoft mostram que 80% da base passa mais da metade do tempo navegado em serviços de e-mail no Hotmail, o que o coloca como opção primária para um alto contingente dos usuários cadastrados.

Não há produto de maior penetração em sua categoria no mercado brasileiro, porém, que o Microsoft Live Messenger, que levou a fórmula da Microsoft de entrar em um setor online com baixa participação e gradualmente assumir a liderança com uma penetração mais contundente — 99,2% da categoria "mensageiro Instantâneo" está da empresa.

O Brasil conta com 45 milhões de inscritos no mensageiro, crescimento de 50% em relação aos 30,5 milhões de agosto de 2007, quando o país assumiu a liderança entre o número de usuários no mundo todo. A adoção fulminante leva Barbosa a comparar o Messenger a outro fenômeno online brasileiro, o Orkut, do concorrente Google.

O sucesso do Messenger vem do fato de ter sido "um produto muito bem-feito que entrou na web na hora certa e alcançou importância na vida das pessoas, tornando-se sinônimo de mensagens instantâneas", avalia Barbosa. "Do outro lado, o Orkut também alcançou um status aqui no Brasil diferente do resto do mundo", afirma, antes de ponderar: "Agora, o Messenger é um produto global. É líder em países na Europa, diferentemente do Orkut, que tem predominância aqui e na Índia".

Atacar o
Orkut

O recente anúncio da Microsoft de que o Windows Live Social se aproximaria de outros serviços online para tornar a plataforma (e, consequentemente, o Messenger) um agregador de conteúdos externos tem como principal objetivo roubar espaço justamente do Orkut.

A baixa participação da Microsoft em outras categorias, como fotos, blogs e rede social é minimizada por Barbosa, que defende uma visão mais integrada do uso das ferramentas. Ao considerar a junção de serviços “para compartilhar informações, como eventos, calendários, fotos e posts, por exemplo”, como uma rede social, o Windows Live Social estaria em segundo em alcance na categoria "rede social".

Separadamente, as ferramentas que compõem o Windows Live Social têm participação modesta na internet brasileira: o Live Photos aparece em terceiro na categoria "fotos", com 2,2%, enquanto o Live Social é segundo em "redes sociais" (0,4%) e o Live Spaces ocupa a quarta posição em "blogs" (0,9%).

Da Redação, com informações do IDG Now