Cova de Osvaldão leva ministros ao Araguaia
Os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos, desembarcam nesta segunda-feira (28) em Marabá (sul do Pará). Eles vão comandar a reunião da comissão interinstitucional que acompanha as expedições dos investigadores nomeados pelo governo federal para localizar e identificar guerrilheiros do PCdoB mortos pelo Exército na Guerrilha do Araguaia, na década de 1970, no Pará.
Publicado 27/09/2009 01:00
A comissão de alto nível, que inclui notáveis como o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles e o jornalista Ricardo Kotscho, vai à região lançar a quinta expedição do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), designado pelo Ministério da Defesa para procurar os corpos dos desaparecidos políticos.
O desembarque dos integrantes da comissão interinstitucional no sul do Pará foi apressado pela localização, na terça-feira da semana passada, durante a quarta expedição, da sepultura de Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, o chefe da guerrilha que combateu a ditadura militar nas matas da região. A cova, na antiga pista de pouso de Xambioá, foi apontada pelo hoje lavrador Josias Gonçalves de Souza, o Jonas, ex-guerrilheiro que, preso, foi obrigado pela repressão a cavar a sepultura de Osvaldão, morto em 1974, em São Geraldo do Araguaia.
De acordo com o ex-vereador Paulo Fonteles Filho, nomeado pelo governo do Pará para integrar o GTT nas expedições de busca aos desaparecidos políticos, o local indicado por Jonas como a cova de Osvaldão está agora demarcado e será periciado ao longo da quinta expedição. Na hipótese de existirem restos mortais, serão exumados para exames laboratoriais capazes de dizer se pertencem ao lendário nome da guerrilha.
O grupo de trabalho conseguiu chegar a Jonas por informações prestadas pela Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia, que tem sede em São Domingos do Araguaia. A cova de outro guerrilheiro, o baiano Rosalindo Alves, cujo codinome na selva era Mundico, também foi descoberta e será periciada na próxima semana. Com previsão para durar cinco dias, a quinta expedição dos investigadores federais terá a colaboração do sargento reformado e arrependido do Exército José Vargas Jimenez, conhecido como Chico Dólar, que combateu a guerrilha e hoje mora em Cuiabá (MT).
Confiante no sucesso do GTT e interessado em desvendar os mistérios que ainda envolvem o conflito, o ministro Paulo Vannuchi revelou em Brasília a Paulo Fonteles Filho a intenção de criar em Belém um braço institucional da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. O ministro reconheceu que, como o GTT termina oficialmente o trabalho de campo no próximo dia 31 de outubro, a pasta vai precisar de uma estrutura permanente para continuar pesquisando a guerrilha.
Fonte: Diário do Pará