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Zelaya terá 8 representantes em diálogo mediado por OEA quarta

O presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta terça (6) que já designou os oito representantes que participarão do diálogo em busca de uma solução à crise política causada por sua deposição, em 28 de junho. Até agora, os golpistas não anunciaram quem serão seus enviados. A missão de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA), que chega ao país nesta quarta (7) para mediar a negociação está confiante de que colocará as duas partes para conversar e achar uma saída.

De acordo com Zelaya, seus representantes serão seu ministro de Governo (Interior), Víctor Meza; a vice-chanceler Patricia Licona e o ex-presidente da Comissão Nacional de Bancos e Seguros Milton Jiménez. Os outros cinco delegados, acrescentou, são os candidatos presidenciais Carlos Reyes (independente) e César Ham (do partido esquerdista Unificação Democrática), os sindicalistas Israel Salinas e Juan Barahona, e o dirigente camponês Rafael Alegria, todos coordenadores da frente de resistência que apoia Zelaya.

Uma delegação técnica da OEA permanece desde a última sexta-feira em Tegucigalpa para preparar a agenda dos chanceleres e outros aspectos do diálogo. A missão de chanceleres liderada pelo secretário-geral da entidade, Miguel Insulza, tem o objetivo de tentar reconciliar as posições do presidente de fato, Roberto Micheletti, e de Zelaya, fazendo com que o presidente legítimo seja restituído e a democracia, reinstaurada em Honduras

John Biehl, assessor de Insulza, disse que a ideia é que o primeiro encontro entre as partes em disputa aconteça ainda na quarta-feira. A convocação formal para a instalação de uma mesa de negociações seria feita nas próximas horas pelo governo golpista. "Estamos bastante otimistas. Foram feitos avanços muito significativos de ambas as partes(…) Haveria uma primeira sessão de diálogo formal ainda na quarta-feira", disse Biehl.

Desconfiança e denúncia de Zelaya

Apesar disso, na embaixada brasileira, onde Zelaya se abrigou, o presidente deposto afirmou que está desconfiado da veracidade da intenção de diálogo de Micheletti. E classificou de 'zombaria' a suspensão do decreto que suprimia as liberdades constitucionais porque os dois meios de comunicação fechados na semana passada ainda não voltaram a funcionar.

Em função disso, Zelaya pediu à missão da OEA que fique alerta para não se deixar levar por "manobras" do governo de fato, segundo um comunicado lido na rádio HRN por seu assessor Carlos Reina. "Não desconfiamos da delegação e sim dos que hoje estão governando o país", afirma Zelaya, que, para iniciar o diálogo, pediu ao governo de fato de suspendesse o decreto e levantasse o cerco militar à embaixada do Brasil onde se encontra refugiado há duas semanas.

O presidente de fato, Roberto Micheletti, "continua zombando do povo hondurenho ao manifestar que suspende plenamente o decreto, pois não restabeleceu as frequências de transmissão das opositoras Rádio Globo e Canal 36, e mantém na prisão 38 componeses zelayaistas", acrescentou.

"Advertimos aos chanceleres que, nas próximas horas, chegarão ao nosso país para não ciar nessas manobras colocando em dúvida a alta dignidade dos povos que representam", enfatizou. Zelaya aacrescenta que "a grande obstinação de não entregar o poder ao legítimo presidente coloca em perigo as eleições" (previstas apra 29 de novembro) e, com isso, pode "aprofundar a crise institucional e política".

O presidente deposto pediu ao movimento de resistência contra o golpe que continua na luta "até que o regime de fato seja derrotado e se retire do poder que usurpou". "Esperemos que o diálogo aconteça amanhã, não pensem que estamos evitando. O presidente Zelaya voltou a Honduras com o claro propósito de convocar o diálogo (…), mas é necessário que haja condições", comentou Reina.

Na véspera, Micheletti anunciou a revogação do decreto que restringia as liberdades civis, aprovado há uma semana. A revogação do decreto era uma das condições impostas pelo presidente deposto para iniciar um diálogo com o governo de Micheletti. O recuo aumentou as expectativas de um possível diálogo com Zelaya para pôr fim à pior crise política na América Central em décadas.

Aliás, acuado internacionalmente e ouvindo críticas até mesmo seus apoiadores, Micheletti tem mudado o tom de seus pronunciamentos, voltando atrás em várias afirmações. Foi assim com o ultimato dado para que o Brasil decidisse o status de Zelaya. O ditador também passou admitir a possibilidade de deixar o cargo e até de restituir Zelaya. E revogou o decreto. Sinais de que pode estar mais flexível e disposto, de fato, a negociar o retorno do presidente legítimo.

A OEA condena a deposição de Zelaya, retirado do poder à força por militares e enviado à Costa Rica em 28 de junho. Micheletti assumiu a Presidência do país após o golpe de Estado. Na segunda-feira, ele comentou ainda que o golpe foi "um erro" e que os responsáveis pela expulsão de Zelaya serão "castigados" pela Justiça.

Férias mais cedo

O governo golpista antecipou para 31 de outubro o fim do ano letivo, "diante da irregularidade dos últimos meses, devido às interrupções de trabalhos dos professores em apoio ao deposto presidente Manuel Zelaya", informou nesta terça-feira o ministro da presidência, Rafael Pineda.

O funcionário disse à imprensa que as aulas terminarão em 17 de outubro e, após duas semanas de trâmites administrativos, o ano letivo concluirá no dia 31, segundo um decreto aprovado na segunda-feira pelo presidente de fato, Roberto Micheletti, em Conselho de Ministros.

Os alunos da pré-escola, ensino fundamental e médio serão aprovados com base em um regulamento que o Ministério da Educação elaborará nos próximos dias, acrescentou Pineda. Após as férias em novembro e dezembro, disse o ministro, o novo ano letivo começará em janeiro de 2010 com um período de reforço e readequação de professores e alunos.

A princípio, estava previsto que o ano letivo terminasse em 19 de novembro, devido às eleições do dia 29. A justificativa de Pineda para a antecipação do fim do ano letivo soou estranha, mais como uma tentativa de desmobilizar as atividades pró-Zelaya. Afinal, a perda de aulas devido às greves de professores em favor de Zelaya não deveria ter prorrogado o encerramento das aulas?

Com agências