Eleições 2010: PCdoB defende aliança com PMDB
O PMDB fará aliança com o PT para as eleições a presidente da República em 2010. Para isso, deve constar na chapa na vaga de vice-presidente. “Essa aliança é necessária para êxito eleitoral e para governar o país”. Essa opinião é compartilhada pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. Eles tomaram café da manhã juntos nesta quarta-feira (7), em Brasília.
Publicado 07/10/2009 19:51
O encontro, que contou também com a presença do líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), foi resultado de um pedido que o PCdoB fez de ter contato direto com a direção do PMDB. “É um partido importante e já que vai estar na base da aliança, devemos ter aliança bilateral com as lideranças do PMDB”, explica Renato Rabelo.
O dirigente comunista disse que na conversa entre eles, Temer deixou claro que o PMDB tende para aliança com o PT e que é importante indicar uma pré-aliança com as condições, o que vai ser feito agora, sem entrar nos problemas de cada estado. Quanto à questão do candidato a vice, esse também seria um problema para ser resolvido mais na frente.
“Temer disse claramente que falar sobre o nome dele para vice de Dilma é prematuro”, contou Renato Rabelo, mas que o PMDB, para fazer aliança, não pode prescindir do candidato a vice.
Por isso, Renato Rabelo afasta a possibilidade do deputado Ciro Gomes (PSB-SP) ser o vice na chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, pré-candidata do PT à sucessão de Lula. “Essa vaga (de vice) é do PMDB, que é o maior partido, maior até que o PT", explica Renato, alertando que se não a vice não ficar com os peemedebistas, "o PMDB pode ir para o lado da oposição, dos tucanos".
Situação indefinida
Apesar das indefinições que rondam o destino político de Ciro Gomes, Renato Rabelo aposta que ele sai candidato ao Governo de São Paulo, embora a mudança de domicílio eleitoral não o retire da disputa presidencial.
Ciro possui o apoio da maioria do PT paulista para disputar o governo estadual, apesar do pronunciamento, esta semana, da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, defendendo a candidatura do deputado Antônio Palloci para o Governo de São Paulo.
Renato Rabelo informou que o presidente do PT paulista considera que a fala de Marta é um pensamento isolado. O mesmo disseram o deputado José Genoino, que compõe a direção do PT de São Paulo, e o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini. “Esse é um problema que o PT tem que resolver”, diz o presidente do PCdoB, emendando com a outra possibilidade para o futuro político de Ciro Gomes, que deve ser resolvido, neste caso, pelo PSB.
“O PSB não se decidiu quanto a isso (candidatura a presidente ou a governador), vai depender da evolução dos acordos”, diz Rabelo, acrescentando que, no entanto, o PSB — aliado histórico de Lula –, vai levar em conta a posição do Presidente. “Se para melhorar os acordos, o Ciro deve ser candidato a governador, o PSB vai considerar isso, pelo papel de Lula e a liderança dele nas eleições de 2010. Não vai querer impor candidatura à revelia do Presidente da República”, avalia o dirigente comunista, com a experiência de quem compartilha também uma aliança histórica com o Presidente Lula e o PSB.
Renato ainda fala sobre uma terceira hipótese para Ciro: ser o candidato único da base à sucessão presidencial. “Caso a candidatura de Dilma não deslanche, o Lula poderia ter alternativas”, diz Renato, ressaltando que o tema não está em pauta, mas que teoricamente a possibilidade existe.
Partido maior
Encerrado o prazo de mudança de partido, o Presidente do PCdoB anuncia que o Partido filiou muita gente nos estados. “São lideranças estaduais, que não aparecem muito no cenário nacional, mas tem influência nos estados, como presidentes regionais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), gente da academia, sindicalistas.
O 12o Congresso Nacional do Partido, que acontece em novembro próximo, vai mobilizar 100 mil militantes. Comparativamente com o último, em 1995, que mobilizou 70 mil, cresceu significativamente. Para as eleições, existem duas fontes para medir filiação ao Partido. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem registro de 240 mil filiados, e a Rede Vermelha, que faz atualização maior dos números, e registra 200 mil filiados.
O objetivo do PCdoB é ter bancada federal maior, atingir o mínimo de 16 e talvez alcançar 26 deputados. Esses números representam patamares distintos na Câmara. A partir de 16 parlamentares, muda de patamar e, depois de 26, muda novamente. “A possibilidade existe porque o PCdoB recebeu pessoas que garantem nominatas próprias na maioria dos estados, com condições de eleger mais de um representante em alguns deles”, explica o dirigente partidário.
“No Senado, nós temos possibilidade de eleger de dois a três senadores e podemos chegar a quatro. Já temos um. Esse é outro objetivo que estamos perseguindo”, conclui.
De Brasília
Márcia Xavier