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 Heloísa Helena diz que pode apoiar Marina ou Milton Temer

A presidente do PSOL, Heloísa Helena, já cogita abrir mão de concorrer à Presidência da República para apoiar um outro candidato do PSOL ou a candidatura da senadora Marina Silva (PV). Sabendo que eleger-se presidente é uma pretensão praticamente impossível, a vereadora optou por uma estratégia mais segura: retornar ao Senado.

A proposta foi apresentada à executiva nacional do partido pelo diretório de Alagoas depois que um dos possíveis adversários dela na disputa pelo Senado, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), sinalizou que concorrerá ao Executivo estadual. A movimentação facilitaria a vitória de Heloísa no Estado.

"Caso eu não possa ser candidata a presidente, meu candidato será Milton Temer (PSOL) ou Marina Silva", afirmou Heloísa Helena à Agência Estado.

Na última pesquisa de intenções de voto, da CNI/Ibope, a presidente do PSOL aparece com 8% das intenções de voto.

Além de Milton Temer, ex-petista e um dos fundadores do PSOL, o partido trabalha com a possibilidade de lançar à Presidência Plínio de Arruda Sampaio, de São Paulo, ou Martiniano Cavalcante, de Goiás. A definição sobre apoio ou candidatura própria só deve sair em dezembro, quando o PSOL faz sua Conferência Eleitoral.

Volta ao Senado

O presidente do PSOL em Alagoas, Mário Agra Junior, comanda o movimento por Heloísa no Senado. A proposta foi aprovada por consenso em uma reunião do diretório alagoano no último sábado, que contou com a participação de mais de cem filiados. "Ela aparece até 15 pontos porcentuais à frente do (senador) Renan Calheiros (PMDB) nas pesquisas locais de intenção de voto para o Senado. Está bem à frente dos outros possíveis candidatos, enquanto na disputa à Presidência ela fica em terceiro lugar", disse Agra. "A situação, matematicamente, é muito boa para Heloísa no Estado."

Apesar de defender a tese da candidatura própria ao Palácio do Planalto, Agra admite as dificuldades de uma candidatura no âmbito nacional. "Mostrar estrutura para uma candidatura a presidente não é fácil. A campanha ao Senado é infinitamente menor."

PV e PSOL mantém distância calculada

O nome de Marina é visto por vários integrantes do PSOL com simpatia, mas também com reticências. Durante o Congresso que o PSOl realuizou no final de agosto, o nome da senadora e ex-ministra foi alvo de uma série de especulações, críticas e elogios de integrantes do partido.

Na ocasião, um membro da Executiva do PSOL, Mário Augusto de Azeredo, reconheceu que a discussão sobre uma candidatura própria está atravessada pela opção de Heloísa Helena de concorrer ao Senado em Alagoas, mas afirma que o partido precisa construir uma candidatura à esquerda da de Marina.

O ex-deputado Milton Temer (RJ) afirma que o partido pode conversar com ela, desde que ela discorde de Zequinha Sarney, uma das lideranças do PV.

Marina é, no entanto, vista como uma opção para o PSOL, por exemplo, pelo deputado Gianazzi: "O primeiro cenário é Heloísa para presidente e Plínio de Arruda Sampaio para governador de São Paulo. No segundo cenário, o PSOL poderia fazer uma aliança com a Marina, embora a gente tenha divergências com o PV", diz o deputado estadual. Em São Paulo, por exemplo, o PV apoia o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM). "Acho que o PSOL poderia fazer algumas concessões a ela", defende Gianazzi – para ele, aliás, Marina está mais próxima do PSOL politicamente que do PV.

Valente, por sua vez, afirma que Marina é respeitável e tem um perfil político de combate, mas que "o projeto do PSOL é mais global".

Já o PV prefere manter uma distância calculada do PSOL. Alguns dirigentes do PV, situados mais à direita do partido, temem que uma aproximação com o PSOL possa prejudicar a imagem de Marina Silva, vista como uma representante da esquerda moderada, enquanto que os psolistas são identificados como esquerda radical, o que, na opinião destes dirigentes, afastaria de Marina uma parte do eleitorado de classe média. 

Com informações da Agência Estado