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Pedro Bigardi (PCdoB-SP): Assembleia Legislativa encampa Confecom

Em São Paulo, a Assembleia Legislativa (Alesp) chamou para si a responsabilidade de realizar a Conferência Estadual de Comunicação, pois o governo de José Serra, do PSDB, não cumpriu essa obrigação. Nesta entrevista, o deputado estadual do PCdoB Pedro Bigardi, da Comissão Organizadora da Confecom-SP, fala sobre a importância da Conferência Nacional, chamada pelo governo do presidente Lula, e sobre as ações da Comissão Organizadora Estadual.

Por André Lux

Por que foi necessário ser criada uma Comissão Organizadora da Conferência Estadual de Comunicação pela Assembleia Legislativa em São Paulo?
Essa necessidade aconteceu devido à falta de interesse político do governador José Serra em convocar a Conferência de São Paulo. Assim, diferente da maioria dos Estados do Brasil onde já estão sendo realizadas as Conferências Estaduais organizadas pelos seus respectivos governos, aqui em São Paulo foi preciso que a Assembleia Legislativa encampasse a ideia e agisse no sentido de convocar sua conferência.

Qual é, na sua opinião, a importância da Conferência Nacional de Comunicação?
Entendo que é muito importante para o desenvolvimento do Brasil que exista uma maior democratização da mídia e do acesso à informação. É verdade que houve um grande avanço depois do fim da ditadura militar e da censura aos meios de comunicação, mas isso não quer dizer que temos no país uma verdadeira democracia midiática.

O que existe hoje é liberdade de imprensa plena, porém os veículos de comunicação de massa continuam concentrados nas mãos de meia dúzia de famílias que controlam o conteúdo de seus jornais, revistas e noticiários de TV de acordo com interesses específicos. Isso é algo que reduz muito o acesso da população a conteúdos mais diversificados, onde exista o direito ao contraditório e à divulgação de opiniões e pontos de vista diferentes daqueles dos donos da mídia.

Muitos jornalistas e empresários da mídia acusam eventos como a Conferência Nacional de Comunicação de tentar censurar a imprensa e cercear a liberdade de imprensa. Como o sr. analisa essa postura?
Não tem o menor fundamento. O objetivo da Conferência é exatamente o oposto disso que a acusam — ou seja, justamente democratizar ainda mais o acesso aos meios de comunicação e garantir uma maior diversidade de opiniões e de notícias.

Talvez seja exatamente isso que incomode alguns empresários que, indo contra a própria lógica capitalista, não vêem com bons olhos o aumento da competição em um nicho que estavam acostumados a dominar absolutos. O Brasil precisa urgentemente de um projeto de democratização do acesso à mídia, e é esse um dos principais pontos que propõe a Conferência Nacional.