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Lessa: religião, F-1 e imprensa no liquidificador. E adeus, Veja!

Estou jogando religião, fórmula 1 e imprensa no liquidificador. Quer ver no que dá? Então… vamos lá: no Vaticano, de tempos em tempos, surgem os chamados “papas de transição”. O atual, Benedito 16, é um deles. Já é velhinho, não deve durar muito, entrou porque no concurso de misses de batina acharam que era a vez dele.

Por Claudio Lessa, no Direto da Redação

Pode-se dizer o mesmo de Jenson Button, o esforçado piloto da Brawn, que vai para Abu-Dhabi fazer apenas uma corrida- exibição. Ele é, claramente, um “campeão de transição”, visto que a equipe Brawn só chegou aos resultados exuberantes de 2009 porque as outras grandes comeram mosca no início do campeonato. Para 2010, os grandes e consagrados nomes da F1 terão nova — e, ao que tudo indica, mais equilibrada — chance de disputar a taça.

E o Rubinho? Rubinho foi (e será consagrado para sempre) como o eterno camerlengo — aquele que fica ali na portinha, mas não se senta na cadeira principal. “Um exemplo a ser segundo”, como tuitou alguém durante o fim-de-semana.

Pode-se dizer o mesmo da imprensa — mais especificamente, da mídia impressa? Ela também estaria em “transição” (não necessariamente no rumo do desaparecimento completo), em favor de meios tecnologicamente mais avançados de acesso à notícia?

É um caso a pensar, especialmente quando há contratos assinados. Um velho ditado diz que “notícia é igual a sorvete: se demorar muito para ser dada, derrete.” Há alguns anos, fiz uma assinatura da revista Veja. Ao fazer a assinatura — e pagando adiantado por um monte de exemplares — é como se eu tivesse dado um crédito de confiança à Editora Abril de que as revistas seriam entregues como combinado.

Esse crédito de confiança deveria me render algum tipo de privilégio (que eu nunca reivindiquei), como, por exemplo, receber a revista antes que ela fosse parar nas bancas. Por quê? Porque eu já comprei e paguei adiantado por um montão delas, enquanto nas bancas, a revista fica esperando algum gaiato passar e resolver comprar. É um jogo onde o imponderável pesa muito mais.

Nesses anos todos, a revista sempre chegou à minha caixa de correio no domingo à tarde. Com raras exceções, pude recebê-la no fim da tarde/começo da noite de sábado. Nunca reclamei, mesmo sabendo que a revista estava nas bancas de Brasília nas noites de sexta, manhãs de sábado.

Nas últimas quatro semanas, no entanto, a Veja só chega à minha caixa postal na segunda-feira, derretida como um sorvete fora da geladeira. Fui paciente e esperei a reincidência para reclamar via e- mail. Afinal de contas, imprevistos sempre acontecem, especialmente na logística de distribuição de uma publicação nacional.

Recebi como resposta a alegação de que havia sido feita uma redistribuição logística e que minha área havia sido contemplada para receber a revista na segunda-feira. Sem mais, nem menos. O bisonho e-mail recebido ainda sugeria que eu posso sempre acessar a Veja via internet. Não é lindo? Eu pago caro — e adiantado — para receber uma publicação impressa e… kaboom!, sou obrigado a navegar pelo computador.

Fico imaginando o que aconteceria se a Folha de S.Paulo, o Globo, o Estadão ou qualquer outro jornal (que possui acesso avançado pela internet) relaxasse seu comportamento relacionado a prazos de entrega dessa forma. No mínimo, uma debandada de assinantes, pelo menos a curto prazo. Já imaginou acordar de manhã para ler o jornal que você assinou (mas que só vai chegar à soleira de sua porta ao meio-dia, uma da tarde) e ter que se contentar com a internet?

Desnecessário dizer que… a menos que haja alguma garantia estipulada em contrato a respeito do prazo de entrega da revista, por ocasião da renovação da assinatura de Veja (que, por sinal, está quase acabando), não haverá renovação. Se houver algum plano especial que abata o preço da assinatura em 75% para acesso somente pela internet, talvez possamos conversar.