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Há 1 mês na embaixada, Zelaya encontra negociador de Micheletti

Há um mês de seu retorno ao país, o presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya se reuniu nesta terça (20) com um negociador do regime golpista em uma tentativa de retomar o diálogo e superar a crise política. O encontro com Arturo Corrales aconteceu na véspera de o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, entregar um relatório sobre Honduras ao Conselho Permanente do organismo em Washington.

"Queria escutá-lo porque se opõem a nossas propostas e expressar minha vontade de buscar um acerto pela via pacífica. Foi um diálogo aberto, não oficial", declarou Zelaya após o encontro na embaixada do Brasil.

"Esta comissão reconhece o alto gesto de Zelaya de ter feito um convite para continuar este diálogo. Trocamos impressões que sem dúvida enriquecem o que vai ser a solução final", afirmou Corrales.

A comissão do presidente golpista de Honduras, Roberto Micheletti, disse, nesta quarta, que guarda uma "surpresa" que pode acontecer "em breve" e levaria à solução da crise política. "Em breve poderíamos estar dando uma surpresa com uma solução da crise", disse a jornalistas Armando Aguilar, chefe da comissão de Micheletti no diálogo que começou dia 7 de outubro

Ambas as comissões de diálogo disseram que esperavam uma chamada da outra parte para voltar à mesa de negociação, embora reiteraram que o processo de negociação não está fechado.

Representantes de Micheletti ressaltaram que "o ex-presidente Zelaya teve o grande gesto de convidar ao engenheiro Arturo Currais (…) para que lhe visitasse na embaixada do Brasil para conhecer o avanço do diálogo".

Segundo o grupo, "o encontro – entre Zelaya e Currais – foi franco, amplo, à hondurenha, e orientado à buscar soluções". A comissão de Micheletti acrescentou que está nas mãos das duas partes "virar a página deste capítulo" da história do país centro-americano e que "após tantos avanços alcançados retroceder não é uma opção".

Zelaya, completa nesta quarta (21) um mês de estadia na embaixada brasileira. Ele vive de forma improvisada enquanto tenta negociar o retorno ao cargo com representantes do governo interino de Roberto Micheletti.

Expulso do país ainda de pijamas no dia 28 de junho, Zelaya levou três meses para voltar à capital Tegucigalpa. O retorno envolveu um périplo clandestino que durou em torno de 15 horas.

Ao redor da embaixada, desde sua chegada, houve protestos que culminaram em morte e o cerceamento de liberdades civis e de imprensa. As restrições só foram suspensas nesta segunda-feira (19), mas as negociações para resolver a pior crise política na América Central em décadas ainda estão sob impasse.

O ponto de discórdia é a volta de Zelaya ao poder antes das novas eleições, marcadas para o dia 29 de novembro. O presidente deposto tem denunciado que os golpistas obstruem o diálogo a fim de ganhar tempo no poder, até a realização do pleito, que legitimaria o regime golpista. A comunidade internacional, contudo, já declarouq ue não aceitar o resultado das eleições, caso elas sejam conduzidas pelo governo de fato.

Quase dois mil zelayistas protestaram na terça-feira em Tegucigalpa, um dia depois do restabelecimento das liberdades civis, ao mesmo tempo que Zelaya espera o pronunciamento da OEA sobre a situação do país.

Com agências