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Negociador de Zelaya denuncia "obstrução" do diálogo

As conversas entre negociadores do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do governo golpista, liderado por Roberto Micheletti, entraram em um impasse nesta segunda (19) à noite. Um representante de Zelaya, Víctor Meza, denunciou que o diálogo está em uma "fase evidente de obstrução", manobra do governo de fato para ganhar tempo no poder até as eleições convocadas para novembro. Segundo ele, as negociações não continuarão até que seja apresentada uma proposta "séria e construtiva".

"O diálogo, apesar de não o declararmos quebrado, entrou em uma fase de evidente obstrução", disse Víctor Meza, representante de Zelaya, antes de afirmar que o Conselho Permanente da OEA, que se reunirá quarta-feira em Washington, deverá dar conhecimento e pronunciar-se sobre o estancamento.

Segundo Meza, que leu um comunicado de Zelaya, "não voltaremos a nos reunir até que tenhamos uma proposta construtiva e séria". "O tempo que se dá aos golpistas, Honduras está perdendo", colocou.

Zelaya pediu ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) que se pronuncie sobre a estagnação das negociações."Nós acreditamos que sempre vai haver uma porta aberta, mas a denúncia desta manipulação, que está sendo feita, temos que fazer a nível nacional e internacional", afirmou à Rádio Globo. "Primeiro nós devemos escutar a OEA e depois fazer as reflexões que devem ser feitas aqui em Honduras", disse Zelaya ao comentar o que é necessário para o prosseguimento do diálogo.

Ontem, os representanes de Micheletti apresentaram uma nova proposta aos zelaystas, que a consideraram "insultante". De acordo com a proposta, a decisão final sobre o eventual retorno de Zelaya ao poder caberia à própria comissão negociadora – nem à Corte Suprema de Justiça, como queria o governo interino, nem à Assembleia Nacional, como pretendia o presidente deposto.

Os membros da comissão teriam, no entanto, que consultar e avaliar o parecer dos dois poderes do Estado antes de chegar a uma decisão final. A proposta não incluía prazo para concluir o processo.

"Essa proposta é insultante pois estão pedindo que reconheçamos que não houve golpe de Estado! O senhor Roberto Micheletti não demonstrou vontade política e se empenha em participar do diálogo como um simples mecanismo de distração", disse Meza

Segundo ele, o presidente fez todas as concessões possíveis para assegurar o êxito do diálogo e a saída política da crise. "Graças a isso pudemos pactuar e assinar 95% do conteúdo do Acordo de São José; a porcentagem restante depende exclusivamente da vontade política do senhor Micheletti", assinalou.

O negociador destaca também que Micheletti "deve assumir a responsabilidade política e a culpa histórica por haver impedido a culminação bem-sucedida deste generoso esforço de diálogo". "Sem uma saída pacifica, a crise tende a ficar cada vez mais grave", afirmou

Com agências

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