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PIB dos EUA deixa dúvidas no ar e projeções em aberto

Dados divulgados pelo departamento de comércio dos EUA nesta quinta-feira (29) apontaram que a economia norte-americana cresceu a uma taxa anualizada de 3,5% no terceiro trimestre de 2009, na primeira prévia para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do país no período. Porém, o desempenho positivo deixou muitas dúvidas para os analistas.

De acordo com o Bureau of Economic Analysis, as principais contribuições positivas para o avanço foram, em ordem decrescente, o consumo das famílias, os investimentos em estoques e o investimento em construção civil. Contudo, dos três componentes listados acima, dois foram alvos de programas de estímulo do governo, o que deixa a dúvida no ar: como será o comportamento da economia após o fim destas políticas?
Estímulos

Um dos principais incentivadores do crescimento do consumo no período foi o programa governamental "cash for clunkers", que visava aquecer o setor automobilístico dos EUA. Segundo o BEA, se fossem excluídos os efeitos das vendas de carros durante o terceiro trimestre, o PIB teria avançado 1,9%.

Outro destaque do período, o desempenho do setor imobiliário também foi alvo de políticas públicas. Este foi o primeiro trimestre desde 2005 que o segmento apresentou avanços, porém, o mercado ainda não foi capaz de avaliar quanto deste crescimento se deve aos esforços de Washington.

Programa governamental estabelecido pelo presidente democrata Barack Obama, com o objetivo de estimular a compra de carros usados em troca de automóveis novos, mais eficientes e que consumam menos combustível. O programa teve vigência entre 27 de julho e 24 de agosto e injetou cerca de US$ 4,5 bilhões no setor automobilístico norte-americano.

O próprio Congresso do país reconhece a necessidade de uma postergação dos estímulos e já discute o alongamento do programa de crédito para compradores da primeira casa própria. Desta forma, dada a dubiedade dos dados trimestrais dos EUA, as perspectivas para a maior economia do mundo continuam nebulosas. Existe consenso de que os dados anuais apontarão uma retração em 2009 e crescimento em 2010, porém o debate ainda esta aberto sobre a magnitude dos resultados de ambos os períodos.
Projeções

Conforme a análise da RGE Monitor, consultoria econômica de Nouriel Roubini, os recentes indicadores do país colocam em dúvida o ritmo da recuperação econômica. Segundo a consultoria, o impacto dos incentivos fiscais do governo já sumiu, a produção industrial fora do setor automobilístico continua fraca, as perdas de postos de trabalhos continuam, o crédito bancário ainda apresenta fragilidade e os pedidos de bens duráveis feitos à indústria norte-americana ainda estão baixos.

Além disso, lembram os analistas, existe a possibilidade de recuperação em W por conta dos riscos envolvidos na implementação da chamada "estratégia de saída".
Por sua vez, a consultoria First Trust Advisors minimizou os impactos reais do "cash for clunkers" sobre o consumo, afirmando que a real contribuição do setor para o PIB foi sobre a ótica da produção.

"As companhias automobilísticas já haviam agendando uma retomada de produção para o terceiro trimestre deste ano, isso antes do programa de incentivo, porque a produção já havia caído para baixas insustentáveis. O programa aumentou as vendas, mas reduziu os estoques" aponta a First Trust, que projeta uma continuação do aumento na produção para refazer os estoques, o que poderia sustentar variações mais positivas do PIB.

Com agências