Sem categoria

Carlos Lessa: aumento de IOF é inócuo

O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, considera a iniciativa do Governo Federal – de aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como forma de dificultar a entrada de capital especulativo de curto prazo – inócua. O governo, em sua opinião, deveria aumentar a alíquota do Imposto de Renda, umas vez que, segundo ele, equalizaria a situação dos detentores de rendimentos no país.

“O governo não fez por uma razão muito prosaica e auto-referida. No Imposto de Renda, só 53% pertencem à União e 47% a estados e municípios. No IOF, 100% pertencem a União. Então, eles (governo) aumentou a alíquota por isso”, frisou, explicando, no entanto, que os 2% de aumento no IOF não será suficiente para “segurar essa onda”.

Lessa, economista, fez questão ressaltar que o Imposto de Renda tem uma incidência sobre lucros, ganhos financeiros obtidos. No entanto, critica o aumento, umas vez que pune significativamente o investidor brasileiro. Como exemplo, disse que “se eu aplicar financeiramente no Brasil, vou pagar 15%. No entanto, vem alguém de fora e só paga 2%. Isso é justo!”.

Carlos Lessa, que participou nesta quarta da abertura do seminário “O Pré-sal e o Desenvolvimento Regional”, na sede da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) também criticou a iniciativa do governo de permitir a abertura de conta em dólar para tentar evitar a pressão dessa moeda no mercado interno. Na sua opinião, essa iniciativa “é uma porta aberta para coisas terríveis”. A solução, segundo ele, é o governo assumir o controle do câmbio como fez a China.

“A China, depois da crise do ano passado, manteve o iuan praticamente alinhado ao dólar. Só valorizou 3%. E o real foi a moeda no mundo que mais se valorizou frente ao dólar. E isso é péssimo para o país.”

Lessa disse ainda que considera previsível a queda de arrecadação do Governo Federal. Segundo ele, se a economia está se movendo com dificuldades e ainda se tem uma redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) para estimular a venda de automóveis, 3eletrodomésticos, computadores e materiais de construção, “é natural que haja essa redução. Isso não quer dizer nada e acho que é muito bom”.

Ele, no entanto, criticou a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de manter a taxa de juros Selic em 8,75%. De acordo com ele, o Brasil possui, agora, a terceira maior taxa de juros real do mundo.

“Só a Turquia e um outro país possuem taxas maiores do que as do Brasil. O Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, está querendo voltar para o primeiro lugar. Ele deve sonhar com isso.”

A informação é do Monitor Mercantil