Sem categoria

Projeto de desenvolvimento deve ser prioridade para trabalhadores

Garantir o protagonismo da classe trabalhadora para a construção do novo projeto nacional de desenvolvimento. Essa deverá ser a prioridade da ação dos comunistas que atuam na frente sindical no próximo período. Na opinião de quatro lideranças sindicais do PCdoB, a resolução aprovada na tarde deste sábado (7) durante o 12º Congresso do partido deverá entusiasmar a classe e a sociedade. Unir os trabalhadores em torno de uma plataforma avançada para 2010 está entre os grandes desafios.

Sindicalistas CTB - 12º Congresso - Adriano Daltro

O presidente da CTB da Bahia, o bancário Adilson de Araújo, a diretora do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Raimunda Leone, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul (RS), Assis Melo e a presidente da Fetag do Sergipe, Lúcia Moura em entrevista concedida ao portal Vermelho, disseram que a unidade da classe trabalhadora será fundamental para que o Brasil siga avançando nas mudanças iniciadas pelos mandatos do presidente Lula. "Com muita luta iniciamos um processo de superação do desmantelamento neoliberal, no qual o povo ficou esquecido (referindo-se aos governos do PSDB que antecederam Lula). Temos que garantir a continuidade e o aprofundamento dessas mudanças", afirmou Lúcia Moura.

Centralidade da classe

"Essa luta é nossa, é dos trabalhadores. É claro que temos que compreender que um projeto desses necessita mobilizar amplas forças", sentenciou o líder metalúrgico gaúcho Assis Melo. Ele acrescentou que a diferença que está posta no contexto da discussão, que "gesta" o novo projeto nacional de desenvolvimento (NPND) é a necessidade de participação do povo nessa construção. Para ele, é um debate que pode promover ampla mobilização social e elevação da consciência de classe dos trabalhadores "que não querem o retrocesso, e sim mais direitos e conquistas, no rumo de um Brasil desenvolvido e socialmente avançado," disse.

Assis assinalou que há ambiente para uma união dos trabalhadores e do setor produtivo, numa agenda que propõe o fortalecimento da perspectiva desenvolvimentista nacional. Para ele o entrave está no setor rentista, no latifúndio e seus aliados, ou seja: este é o "alvo".

Adilson procurou acentuar que os objetivos estratégicos da classe devem ser os norteadores da luta. Destacou que os avanços conquistados desde 2002, com a eleição de Lula, abriram novo horizonte, com novas perspectivas e grandes desafios para os trabalhadores. Citou conquistas sociais, como a política de valorização do salário mínimo e o maior diálogo entre as centrais e o governo. Para ele, questões como a defesa do PAC e o novo marco regulatório do pré-sal devem ser alicerces para essa luta por mais avanços para o país.

"Mas falta um projeto claro, que traga consequências mais avançadas e duradouras para a classe e a sociedade: esse é o papel do novo projeto nacional de desenvolvimento", disse.

Lúcia também reforçou a necessidade de fazer amplo debate e divulgação do NPND entre os trabalhadores e a sociedade. "Temos que semear essa ideia, e ganhar o conjunto dos trabalhadores para essa plataforma, que é do interesse de classe e de diversos setores da sociedade", disse.


Plataforma de lutas

Segundo Adilson, cabe aos trabalhadores colocar cada vez mais na ordem do dia a necessidade do desenvolvimento, com valorização do trabalho. Para ele, o fator crise do capitalismo ainda está presente e reforça ainda mais a necessidade de mobilização da classe.

Destacou algumas das bandeiras que estão na ordem do dia, como a luta pela redução da jornada sem redução dos salários, por mais investimentos e geração de empregos, o combate ao conservadorismo na política econômica do governo federal, redução das taxas de juros, o fortalecimento do mercado interno e do consumo, e a aprovação das convenções 158 e 151 da OIT. Para ele, também possui centralidade a luta por mais investimentos em educação, saúde e segurança. Também está na pauta imediata a luta contra fator previdenciário e por mais direitos e uma previdência mais justa, completou.

Já Lucia lembrou que a pauta do campo deve estar integrada à luta da cidade. Citou a reforma agrária, a política de valorização da agricultura familiar e as questões relacionadas ao meio ambiente entre as principais do segmento.

A dirigente metalúrgica Raimunda Leone acrescentou que essa plataforma enfrenta forte reação contrária de alguns setores. Lamentou que os empresários estejam "jogando pesado" para que não seja aprovada a proposta das 40 horas. "Só com muita mobilização, capacidade de articulação e convencimento é que poderemos obter mais avanços", disse.


O papel da CTB

Os sindicalistas afirmaram que a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), desde a sua criação, já produziu um posicionamento muito positivo. Para eles, trata-se de uma forma diferenciada de fazer sindicalismo, que respeita o pluralismo de ideias e a autonomia frente ao governo. Avaliam que a CTB cresceu em todos os setores, de maneira consolidada, exatamente por colocar em prática um sindicalismo não sectário, baseado na amplitude e no diálogo sem perder a perspectiva de luta. E, fundamentalmente, por colocar no horizonte a luta pelo socialismo.

2010 e a luta política dos trabalhadores

Uma das questões de grande relevância para os trabalhadores é o debate sobre a eleição de 2010. Neste sentido, os sindicalistas reafirmam a diretiva da CTB de "construir uma grande unidade da classe trabalhadora, em torno de uma plataforma unitária de lutas, para garantirmos a vitória da continuidade desse projeto que iniciou nos dois primeiros mandatos de Lula". Para isso, o caminho deverá ser a realização de uma Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat), que possa unir todas as centrais sindicais.

Assis também acentuou a necessidade de os trabalhadores ampliarem a representação política em todas as instâncias. "Precisamos discutir como será a participação dos trabalhadores neste embate de 2010". Para ele, a correlação de forças ainda é desfavorável no Congresso e nos estados. Por isso, na opinião dele, impõe-se o crescimento da representação política da classe.

Os líderes sindicais consideram que uma vitória mais significativa dos trabalhadores no processo eleitoral, conquistando uma maioria política, é fundamental para garantir a efetivação do NPND.

No encerramento da conversa, os entrevistados aproveitaram para lembrar que a CTB deverá realizar uma grande mobilização em torno da 6ª Marcha da Classe Trabalhadora, organizada pelas centrais em Brasília no dia 11 de novembro. A mobilização terá como bandeira central a redução da jornada sem redução dos salários, tema que está para ser votado na Câmara dos Deputados.

De São Paulo,
Clomar Porto