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Millôr Fernandes processa a Veja

O jornalista e humorista Millôr Fernandes, que desde setembro não publica mais coluna na revista Veja, processa o veículo da Editora Abril e pede indenização de R$ 500 mil. Millôr colaborou com Veja de 1968 a 1982 e de setembro de 2004 a setembro de 2009.

O desentendimento com a revista ocorreu quando a Veja decidiu deixar disponível todo o seu conteúdo na internet. O contrato de Millôr com Veja, o último, previa a exposição digital da coluna para a edição em questão, mas não havia disposição semelhante sobre o primeiro período da colaboração do colunista para a publicação.

Para fazer o seu arquivo virtual de 40 anos, a Veja ainda contou com o patrocínio do Bradesco, que também é réu do processo. Millôr alega não ter sido consultado sobre a disponibilização total do material e ficou irritado em ter seu nome associado ao banco. Assim como a revista, o banco também não se manifestou sobre o processo.

O jornalista disse que ainda tentou negociar com a publicação, em conversas que começaram em julho, mas, em setembro, o humorista de 85 anos recebeu a notícia de que não renovariam seu contrato e ainda que o conteúdo seria mantido no arquivo virtual. O intelectual não deixou de ser irônico nem mesmo no processo. Leia trecho:

“Assim, com o único fito de esclarecer, faço este pequeno introito, afirmando peremptoriamente que o jornalista Millôr Viola Fernandes – eu – se recusa a, sem que digam 'Água vai!', ser transformado em garoto-propaganda do Bradesco. Ainda mais valorizado de modo tão mesquinho. Por isso, repito, só para esclarecimento, apresento aos mentores da notável organização este meu pequeno currículo.

Em tempo: homem civilizado, nada tenho, é claro, contra o sistema bancário moderno. Sistema que passou de gigantesco a universal. Assim como a natureza cria terremotos, furacões, vulcões, tsunames, o sistema bancário cria crises mundiais, consolida falcatruas assustadoras, encampa pirâmides-Madoff, conglomerados/falcatrua, mantém no mundo mais de uma centena de paraísos fiscais, e por isso mesmo, tem que ser encarado como uma das forças da natureza. Não há como ignorá-la.”
 

Com R7