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Rodrigo Vianna: TIM, Oi e Telefonica tramam golpe na Confecom

Há alguns anos, muita gente saudou a chegada ao mercado brasileiro de comunicação das chamadas "teles". Não que elas sejam santas, nem eficientes – como mostrou o "apagão" do Speedy (provedor de internet do grupo Telefonica) em São Paulo, este ano. Mas, ao menos, a presença das "teles" seria um contraponto ao poder exacerbado da mídia tradicional, controlada por grupos familiares (Globo, Folha, Abril etc…). Agora as "teles" começam a mostrar as garras.

Por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador*

No processo da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), a princípio, ficou claro que as "teles" não seguiam a cartilha autoritária da velha mídia oligárquica. Os setores tradicionais (Abra, ANJ – leia-se Globo…) retiraram-se da comissão de organização da Confecom. As "teles" permaneceram, sinalizando que consideram positivo o debate sobre o tema no Brasil.

Pois bem: agora as "teles" começam a mostrar as garras. No melhor estilo golpista.

O que se passa?

Na Conferência Estadual de São Paulo (preparatória para a Confecom nacional, que vai ocorrer em dezembro), o chamado "setor empresarial" vai escolher 84 delegados (a "sociedade civil" deve escolher mais 84 delegados, e o "setor governamental" outros tantos).

O que diz a lógica? Que esses delegados do "setor empresarial" deveriam ser escolhidos, de forma proporcional, pelos votantes inscritos a participar da estapa estadual, certo?

As "teles" não aceitam. Ameaçam passar o rolo compressor. Como isso pode ocorrer?

Explico: há cerca de 400 pessoas inscritas na etapa estadual de São Paulo da Conferência, como representantes do "setor empresarial". Cerca de 250 pessoas são ligadas às "teles" e ao grupo Bandeirantes (que, apesar de fazer parte da mídia tradicional, decidiu participar da Confecom). Outros 150, aproximadamente, são ligados a pequenas empresas (editoras, sites, revistas etc).

As "teles" e a Band fazem biquinho. Acham que os "pequenos" não são "empresários de verdade". Ah, empresário é só multinacional? Onde tá escrito que o pequeno empresário não pode participar? Este Escrevinhador, por exemplo, inscreveu-se como "produtor de conteúdo", e vai particpar da Confecom, no "setor empresarial". Tenho CNPJ, pago imposto há anos (PIS, Cofins, IR…). E ponto.

Ora, pelo bom senso, as "teles" e a Band (que têm uma agenda diferenciada dos pequenos empresários) deveriam ficar com cerca de 2/3 dos delegados. Os "pequenos" deveriam eleger outro 1/3.

As "teles" simplesmente não aceitam. "Ofereceram" apenas 10 delegados para os "pequenos", indicando: "já tá muito bom pra vocês". Os "pequenos" querem o que é justo: 25 a 30 delegados (1/3 dos 84), de acordo com a proporção de inscrições.

Esse embate ameaça "melar" a Conferência de São Paulo.

Os "pequenos" já avisaram que irão à Justiça. Vão parar a Conferência, se for preciso.

O governo federal (tão bonzinho com os empresários) vai ter que sentar com as "teles" e convencê-las a respeitar as regras democráticas. Não é possível começar a discutir comunicação com esse grau de arrogância.

Mas antes de ir à Justiça, há mais a fazer: o pessoal que coordena os "pequenos" empresários enviou o texto, que publico abaixo, conclamando blogueiros, twiteiros e guerrilheiros da informação em geral a comparecer à Confecom, para denunciar a armação das "teles".

Quero ver se as matrizes da TIM, da Telefônica etc querem ver suas marcas associadas a esse tipo de expediente no Brasil.

Se eles tratam assim os pequenos empresários, imagina como tratam os clientes!

Vamos pra cima deles! Se tentarem dar golpe, vamos lançar campanha de boicote às marcas. Por que, não?

"O golpe das teles e da Band na Confecom-SP"

"O golpe contra a democratização das comunicações tem data e hora para acontecer. Começa na sexta-feira às 17h na Quadra dos Bancários de São Paulo (rua Tabatinguera, 192, Centro de São Paulo). Continua no sábado e domingo na Assembléia Legislativa de São Paulo.

O movimento das pequenas empresas de comunicação solicita a todos os blogueiros, tuiteiros e militantes de todos os segmentos da luta progressista que não aceitam mais que os grandes conglomerados midiáticos, a partir de métodos antidemocráticos, continuem a impor suas posições sem negociar de forma correta e limpa, a divulgar essa ação e a protestar.

Também solicita que compareçam a Quadra dos Bancários para filmar, tuitar, fotografar e postar notas denunciando essa ação antidemocrática."

Fonte: Escrevinhador (http://www.rodrigovianna.com.br)