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Com teatro e forró, nordestinas se mobilizam contra violência

Como parte da campanha "16 dias de ativismo pela violência contra as mulheres", que começou em 20 de novembro e vai até o dia 10 de dezembro, e também em referência ao Dia Internacional de Luta Contra a Violência Doméstica e Sexual, celebrado na última quarta-feira (25/11), o nordeste se destaca com mobilizações em Pernambuco e na Paraíba.

Nesta quinta-feira (26/11), a Campanha do Laço Branco, do estado de Pernambuco, promove ato público no Mercado de São José, no centro do Recife, com direito a forró e baião da cantora Nádia Maia e do forrozeiro Rogério Rangel.

Também participa da ação o Grupo de Teatro Loucas de Pedras Lilás, que fará uma apresentação para o público, com o objetivo de envolver os homens na luta pelo fim da violência contra a mulher. O objetivo é informar ao público masculino que passa pelo local que a Lei Maria da Penha não é contra os homens e sim contra qualquer prática de violência baseada na desigualdade.

Imagem da campanha do Laço Branco de 2008

Público alvo masculino

A atividade conta ainda com a distribuição de cartazes, panfletos e fitinhas do Laço Branco (símbolo da Campanha) para transeuntes e comerciantes da localidade, sobretudo homens e jovens do sexo masculino. A Campanha do Laço Branco é uma Iniciativa do Instituto Papai, do Grupo de Pesquisa em Gênero e Masculinidades da UFPE (Gema/UFPE) e da Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG), em parceria com o Grupo Curumim, BEMFAM e Loucas de Pedra Lilás.

Na Paraíba, mulher forte, "sim sinhô"

Já a programação da Campanha “Paraíba pelo fim da violência contra a mulher. Faça sua parte”, lançada na terça-feira (24/11) pelo Governo da Paraíba, através do Programa Estadual de Políticas para Mulheres, teve continuidade nesta quarta-feira (25/11), Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher.

Em João Pessoa foi realizado um ato público pela liberdade das mulheres e pelo fim da violência, tendo como lema: “O corpo é meu, não se maltrata, não se viola e não se mata”. O evento foi promovido pelo Movimento de Mulheres, com apoio do Programa Estadual, e incluiu as performances teatrais "Caminhada do Toré Feminista",  e a “Vigília Feminista pela Liberdade das Mulheres e pelo fim da Violência”. Por volta das 17h30, diante de velas acesas, foram apresentadas as silhuetas de 40 mulheres que foram assassinadas neste ano na Paraíba. Houve ainda uma celebração pela liberdade das mulheres e o ato foi encerrado com a participação do Coral Voz Ativa. Às 19h, a programação seguiu para a cidade de Bayeux, com uma Sessão Especial na Câmara Municipal, proposta pela vereadora Célia Domiciano (DEM).

Por que dia 25?

Em 1999, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), órgão das Nações Unidas (ONU), proclamou o dia 25 de Novembro como o Dia Internacional pela Erradicação da Violência Contra a Mulher em reconhecimento à mobilização que já ocorria há muito tempo.

As irmãs "Las Mariposas"

Em 1981, o dia 25 de novembro foi definido como um marco durantre o I Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, realizado em Bogotá, em homenagem às irmãs Mirabal (Maria Teresa, Pátria e Minerva, conhecidas como Las Mariposas), que foram presas, torturadas e brutalmente assasinadas em 25 de novembro de1960, por agentes do SIM (Serviço de Inteligência Militar) a mando do ditador Rafael Trujillo, na República Dominicana.

Em 1991, foi iniciada a Campanha Mundial pelos Direitos Humanos das Mulheres, sob a coordenação do Centro de Liderança Global da Mulher, que propôs os 16 Dias de Ativismo contra a Violência contra as Mulheres, que começam no 25 de novembro e encerram-se no dia 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948.

Mártires do Laço Branco

Este período também contempla outras duas datas significativas: o 1º de Dezembro (Dia Mundial da Luta contra a AIDS) e o dia 6 de Dezembro (Dia do Massacre de Montreal – Canadá), quando um rapaz de 25 anos (Marc Lepine) invadiu uma sala de aula da Escola Politécnica ordenando que os homens, cerca de 40, saíssem da sala e somente as mulheres permanecessem. Gritando: “você são todas feministas!?”, Marc Lepine assassinou 14 mulheres à queima roupa. Em seguida, suicidou-se. Ele deixou uma carta dizendo que não suportava a idéia de ver mulheres estudando engenharia, um curso tradicionalmente dirigido ao público masculino.

As 14 estudantes assassinadas por Marc Lepine

As vítimas tinham entre 21 e 31 anos: Annie St.-Arneault, Annie Turcotte, Anne-Marie Edward, Anne-Marie Lemay, Barbara Daigneault, Barbara Maria Klucznik, Geneviève Bergeron, Hélène Colgan, Maryse Laganière, Maryse Leclair, Maud Haviernick, Michèle Richard, Nathalie Croteau, Sonia Pelletier.

O crime mobilizou a população gerando amplo debate sobre as desigualdades entre homens e mulheres e a violência gerada por esse desequilíbrio social. Assim, um grupo de homens do Canadá decidiu se organizar para dizer que existem homens que cometem a violência contra a mulher, mas existem também aqueles que repudiam essa atitude. Eles elegeram o laço branco como símbolo e adotaram como lema: jamais cometer um ato violento contra as mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência.

Assim surgiu a primeira Campanha do Laço Branco (White Ribbon Campaign): homens pelo fim da violência contra a mulher. No Brasil, você pode ter mais informações sobre a campanha: www.lacobranco.org.br/

De São Paulo, Luana Bonone, com informações do pe360graus.com, d'O Globo e do Click PB