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Lula: Brasil não vai conversar com novo presidente hondurenho

Ao encerrar sua viagem a Portugal nesta terça-feira (1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar a eleição presidencial em Honduras, desta vez para afirmar que não irá conversar com o novo presidente hondurenho, Porfírio Lobo.

Na manhã desta segunda-feira (30), o candidato opositor de Manuel Zelaya nas eleições presidenciais hondurenhas declarou vitória. Seu concorrente do Partido Liberal, Elvin Santos, reconheceu a derrota. Em entrevista, Lobo afirmou que iria buscar o diálogo com o governo brasileiro. Em resposta às declarações, Lula afastou qualquer possibilidade de conversa.

“O golpista agiu cinicamente, deu um golpe no país e ele convoca uma eleição quando ele não tinha direito de convocar eleição. Esse cidadão (o novo presidente) tem o direito de fazer as gestões que ele acha que tem de fazer. A posição brasileira é de não aceitação. Não dá para fazer concessão a golpista”, afirmou Lula.

O presidente brasileiro argumentou que seria “um risco para a democracia na América Central e na América Latina legitimar a eleição em Honduras. “O golpista se travestiu de político eleito e convocou as eleições sem permitir que o presidente de direito e de fato pudesse coordenar o processo eleitoral”, argumentou. “Conhecemos a América Central e conhecemos a America Latina. A gente não pode compactuar com um golpe dessa natureza, que finge que não aconteceu nada. Daqui a pouco, o errado é o Zelaya e o bem-feitor e o golpista. Se isso prevalecer, a democracia correrá um sério risco na America Latina e na America Central”, complementou.

Lula já havia afirmado que o governo brasileiro não reconheceria a eleição em Honduras nesta segunda-feira (30). “O Brasil não tem motivo para repensar a questão de Honduras. O Brasil não tem que reconhecer e precisa manter posição. O Brasil manterá a posição porque não é possível aceitar um golpe, seja militar ou disfarçado de civil como foi o de Honduras”, afirmou Lula.

Alerta para aventureiros

Na avaliação do presidente, o reconhecimento de uma eleição realizada sob o comando de um “governo golpista” pode servir de incentivo para novos golpes. Lula acredita que a posição do Brasil em não reconhecer o pleito “serve de alerta para aventureiros”: “A gente precisa firmar convicção sobre algumas coisas, porque isso serve de alerta para alguns aventureiros. O dado concreto de os golpistas não permitirem que o presidente voltasse para coordenar o processo eleitoral, é um sinal muito perigoso, é um sinal muito delicado, porque ainda existem muitos países – na América Central sobretudo – com vulnerabilidade política.”

Lula argumenta que o Brasil, assim como os demais países com democracia consolidada devem servir de referência ao apoiar o resultado das urnas que elegeu o presidente deposto Manuel Zelaya. “Se os países que podem dar orientações, que podem fazer gestos e dizer: ‘não repitam mais isso’. Se os países não fazem, daqui a pouco a gente não sabe onde pode ter mais um golpe”, avalia o presidente.

Instalado há mais de dois meses na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, capital hondurenha, Zelaya só deixará o local depois que houver garantia de segurança, diz Lula: “Até que o governo de Honduras dê garantias de vida ao Zelaya, ele vai ficar na embaixada brasileira. Não podemos permitir que ele saia sem que haja garantia de segurança para que ele volte para sua casa.”

Fonte: G1