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Congresso decide nesta quarta sobre volta de Zelaya

O Congresso de Honduras deve decidir nesta quarta-feira (02) sobre o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya ao poder. Afastado pelo golpe de 28 de junho, Zelaya está abrigado na Embaixada do Brasil desde 21 de setembro. Partidários do líder deposto defenderam nesta terça que ele volte "de forma incondicional" para cumprir quatro anos de mandato na íntegra e exigiram anulação da eleição de domingo, vencida pelo conservador Porfirio Lobo.

"A eleição deve ser anulada. Exigimos a restauração da ordem democrática, a restituição imediata do presidente José Manuel Zelaya. Que lhe devolvam o tempo mutilado de seu período do governo, que deve ser, sem exceção, de quatro anos, nenhum dia a mais, nenhum dia a menos", disse Reina, que ontem deixou a embaixada brasileira, onde estava abrigado havia 72 dias.

O dirigente do fraturado Partido Liberal (centro-direita) chamou Lobo de "presidente da fraude" e disse que Zelaya já tomou medidas judiciais para tentar anular o pleito, que também indicou novos deputados, prefeitos e vereadores.

Falando em nome do presidente constitucional, reina comunicou que Zelaya quer fazer com que os líderes do golpe sejam levados a julgamento num tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU). "Restituir Zelaya é uma obrigação dos que derrubaram a democracia, mas sem condições", disse Reina. "Já as eleições, serão denunciadas por serem fraudulentas e exigiremos que elas sejam anuladas."

Um dos homens de confiança de Zelaya, Reina justificou sua saída da sede diplomática, dizendo que vai "reorganizar o movimento de resistência contra o golpe em todo o país". Ele também afirmou que o governo deposto não está negociando com o presidente eleito, Porfirio "Pepe" Lobo.

Em um discurso, na segunda-feira, Lobo prometeu diálogo e um governo de união nacional. No entanto, ele também disse que Zelaya era "parte do passado" e fugiu das perguntas sobre uma possível anistia ao presidente deposto

Reina convocou também uma manifestação para hoje, diante do Congresso, que terá uma sessão especial para decidir sobre a volta de Zelaya. Ainda ontem, centenas de partidários do líder deposto fizeram uma passeata na capital hondurenha, para rejeitar as eleições. Segundo eles, os números de comparecimento de mais de 60% foram inflados pelas autoridades.

O presidente de facto, Roberto Micheletti, afastou-se do poder brevemente, como forma de dar ares de legitimidade ao pleito durante os últimos dias do processo eleitoral. Ele disse que pretende reassumir hoje o país.

A decisão sobre a volta ou não de Zelaya ao cargo será tomada pelo mesmo Congresso que o destituiu. Ainda se desconhece se os 128 deputados tomarão a decisão ou designarão uma comissão para analisar os informes apresentados por diversas instituições sobre o caso. 

O próprio Zelaya havia dito que não aceitaria regressar ao posto, uma vez que isso ajudaria a legalizar as ilegítimas eleições de domingo passado. Na sessão em que o Congresso destituiu Zelaya, os golpistas apresentaram uma carta de renúncia falsa, logo desmentida pelo presidente.

Com agências