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 Chile vais às urnas hoje na expectativa de segundo turno

Cerca de oito milhões de chilenos estão convocados neste domingo às urnas para escolher o presidente do país que sucederá a socialista Michelle Bachelet durante os próximos quatro anos. No pleito mais disputado desde a redemocratização do país, a expectativa é de que haja segundo turno. Metade do Senado, de 38 membros, também será renovado, assim como a totalidade da Câmara dos Deputados, de 120 assentos.

Os quatro candidatos que concorrem no pleito são o ex-presidente democrata-cristão Eduardo Frei – que representa a coligação governista -, o opositor direitista Sebastián Piñera, o independente Marco Enríquez-Ominami e o candidato da esquerda extraparlamentària, Jorge Arrate.

O clima é de alerta para as esquerdas. A Concertação, talvez a coalizão política mais forte da América Latina, que dirigiu a consolidação da democracia chilena durante 20 anos, desta vez não chega às urnas como favorita.

As últimes pesquisas mostram o direiitista Sebastián Piñera – acionista majoritário da companhia aérea LAN e que perdeu a disputa de 2005 no segundo turno para a atual presidente – à frente da disputa, porém sem obter a maioria absoluta, levando a eleição a um novo turno no dia 17 de janeiro.

O candidato governista Eduardo Frei aparece em segundo lugar, seguido logo atrás pelo ex-deputado socialista Marco Enríquez-Ominami. Ainda é uma incógnita o impacto que terá nos eleitores a divulgação judicial de que o ex-presidente Eduardo Frei Montalva – pai do candidato Frei – foi assassinado em 1982 pela ditadura.

Apesar de não ter até então conseguido atrair para si toda a popularidade da presdente Michelle Bachelet, a provável candidatura de Frei no segundo turno deve contar com uma vantagem: a possibilidade de uma espécie de Frente Popular do século XXI, de democratas-cristãos a comunistas, para derrotar o postulante presidencial da direita.

“São maiores as coisas que nos unem que aquelas que nos desunem”, assegura Frei. O postulante Jorge Arrate já conversou inclusive sobre uma aliança no segundo turno. “Minha disposição segue sendo a mesma, a disposição para sentar e dialogar. Não queremos La Moneda [o palácio presidencial no centro de Santiago] para a direita”, explicou Arrate durante uma entrevista à rádio Cooperativa.

Arrate – que representa a coalizão Junto Podemos, que engloba o Partido Comunista -, busca estabelecer uma frente programática contra Piñera. Frei já aceitou: “Se formos analisar as propostas de base, há um conjunto de idéias em que estamos já muito próximos”, colocou.

“Me satisfaz que Eduardo Frei tenha mostrado esta boa disposição. E, portanto, se passa ao segundo turno, vamos discutir colocando as bases de um acordo para juntar forças”, respondeu Arrate. “O que o país precisa agora é que as candidaturas não conservadoras digam que Sebastián Piñera não será presidente do Chile”, encerrou.

O chamado, contudo, ainda não havia sido absorvido por Ominami, que alimentava ainda a possibilidade de ir ao segundo turno.

Além as disputa presidencial, segudo o La Jornada, espera-se que o Senado retorne às mãos dos governistas e, na Câmara, o comunismo ganhe entre duas e quatro cadeiras, acabando com a exclusão imposta pela era Pinochet. A correlação de forças deverá se manter mais ou menos como atualmente e os movimentos dissidentes caminham para terminar se diluindo, indicariam as pesquisas.

Bachelet

A presidente chilena, Michelle Bachelet, convocou a população a votar com tranquilidade e disse estar certa de que os resultados obrigarão a realização de um segundo turno. "Todos sabemos que vai haver um segundo turno", declarou Bachelet depois de votar no bairro de Las Condes, em Santiago.

A presidente tem quase 80% de aprovação popular, mas não pode concorrer a um segundo mandato consecutivo. Ela foi recebida com aplausos e gritos de apoio pelos cidadãos que estavam nas imediações de seu colégio eleitoral.

Bachelet afirmou confiar que o dia de hoje transcorrerá com tranquilidade, "para que mais uma vez possamos dizer que o Chile, desenvolveu seu espírito cívico em sua totalidade".

"Tivemos 26 eleições desde 1989 que foram exemplos de tranquilidade, normalidade e transparência, o que faz do Chile um país muito respeitado", destacou Bachelet ao fazer um balanço dos 20 anos de democracia no país.

Com agências