Mesmo sem crise, Motorola demite mais de 1.200; SindMetal reage
A Motorola acabará com a esperança de um bom Natal de centenas de trabalhadores. Em reunião na quinta-feira (17) com o Sindicato dos Metalúrgicos de Jaguariúna e Região (SindMetal, filiado à CTB), a empresa afirmou que vai demitir mais de 1.200 trabalhadores ainda neste ano de 2009.
Publicado 21/12/2009 15:35
Os temporários são os maiores prejudicados, somando 900 trabalhadores terceirizados da ManPower (empresa de RH que recruta funcionários para a multinacional). Cerca de 350 outros funcionários efetivos também serão demitidos, além de um não informado número de contratos temporários que só reforçam os lamentáveis números.
O SindMetal reivindicou que a empresa aguardasse o período de festas e as férias coletivas (30 de dezembro a 12 de janeiro) antes de anunciar as demissões. Cobrou também a implantação do PDV (Programa de Demissão Voluntária), dando a opção a centenas de trabalhadores que querem sair da empresa espontaneamente.
Diante da impossibilidade de reverter a decisão da empresa em demitir, o presidente do SindMetal e vereador de Jaguariúna, Edison Cardoso de Sá, pressiona a multinacional a manter pelo menos os postos de trabalho dos moradores do município, minoria no total de funcionários da fábrica. “A empresa se beneficia de diversos incentivos fiscais de Jaguariúna e iremos lutar por todas estas frentes”, afirmou Edison com veemência.
A Motorola informou ao sindicato que o corte em massa se deve a uma reestruturação produtiva que passa pela redução no volume do que antes era fabricado pela empresa. Cerca de 50 funcionários efetivos serão demitidos porque seus cargos serão “extintos", segundo a empresa. Para eles, a empresa já possui um pacote de compensação que inclui o pagamento de meio salário por ano trabalhado no teto de cinco salários e mais convênio médico durante quatro meses.
Em discussão com o sindicato, a empresa ofereceu para os demais trabalhadores (cerca de 300), no primeiro momento, um valor em torno de R$ 700, recusado de imediato. Em nova proposta, a Motorola se propôs a pagar meio salário por ano trabalhado com um teto de dois salários e dois meses de convênio médico.
O sindicato exigiu igualdade de condições para todos (princípio da isonomia) e, numa terceira rodada de negociações, após várias pressões, a empresa recuou e concordou em conceder meio salário por ano trabalhado com um teto de cinco salários e convênio médico por quatro meses, igualando, assim, com o que ela já daria para os demais trabalhadores. “Agimos imediatamente, obrigando a empresa a pagar esses benefícios adicionais ao que a lei estabelece”, salienta o advogado do SindMetal, Edson Luiz Netto.
O Tribunal Superior do Trabalho determina que todas as demissões coletivas que ocorrem nas empresas devem passar por negociação coletiva com o sindicato. Partindo desse princípio, o advogado agiu rapidamente para evitar maiores perdas nas demissões em massa que estão ocorrendo na Motorola.
Fonte: Portal dos Trabalhadores