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Na Argentina, BC não dirige o governo — uma lição para a região

Apego de presidente do Banco Central (BC) da Argentina, Martín Redrado ao cargo mostra riscos da independência dos BCs. Após afirmar durante meses que seu cargo estava à disposição da presidente Cristina Kirchner, Redrado, Redrado não quis largar o cargo, quando a presidente decidiu demiti-lo.

O episódio é um claro aviso para a região dos riscos de permitir a independência dos BCs das decisões de governo e Estado. O apego de Redrado ao cargo irritou o chefe de Gabinete da Casa Rosada, Aníbal Fernández, que classificou a decisão do tecnocrata de "pouco séria".

"É uma atitude hostil e pouco séria porque, publicamente, Redrado disse à presidente, em reiteradas oportunidades, que tinha a renúncia à sua disposição e agora a presidente decidiu aceitá-la", criticou Fernández. "Quem toma as decisões e quem fixa a política econômica é a presidente, e não o Banco Central", lembrou o ministro, que pediu "respeito às instituições".

Ele afirmou que, caso isso não ocorra, "estamos confundindo os papéis e estamos em um estado anárquico". Fernández acusou Redrado de ter posição contrária às políticas do governo e, por isso, "não pode desempenhar o cargo" na atual administração.
Cristina decidiu demitir o presidente do BC diante da demora deste em liberar US$ 6,569 bilhões das reservas internacionais para constituir o recém-criado Fundo do Bicentenário, para pagar a dívida pública em 2010.

O Fundo do Bicentenário foi criado por decreto presidencial mas o BC insistia em que a decisão passasse pelo Congresso. A oposição conservadora só quer votar o decreto presidencial em fevereiro, impedindo que até lá as reservas sejam usadas.
Indiferente a esses movimentos, a presidente já ofereceu o posto de Redrado ao economista Mario Blejer, ex-presidente do BC argentino e ex-diretor do Banco da Inglaterra.

Com agências