Senador tucano nega justiça ao pai e às vítimas da Ditadura

A oposição PSDB-DEM chegou ao histerismo de querer barrar a indenização aos parentes das vítimas da Ditadura Militar e impedir que os mesmos tenham real conhecimento do que foi feito com seus entes familiares, ainda hoje considerados desaparecidos. A investida direitista se dá por meio da tentativa de inviabilizar os trabalhos da Comissão da Verdade, do Novo Programa Nacional dos Direitos Humanos, instaurada com objetivo de investigar esses casos.

No Amazonas, o senador tucano Arthur Virgilio Neto capitaneia o discurso desumano. Em seu artigo dominical publicado num jornal do estado, ele afirma que esse objetivo é desnecessário ao país porque coloca novamente em campos opostos civis e militares. O líder do PSDB rejeita, inclusive, a anistia política de seus familiares em detrimento da fidelidade aos aliados que outrora cassaram o mandato do então líder de Goulart no senado, Arhur Vírgilio Filho, seu pai, e uma série de outros crimes.

A punhalada a Arthur Neto vem nas páginas seguintes do mesmo jornal. Exilado juntamente com o poeta Thiago de Mello por conta da pressão dos militares, o colunista José Ribamar Bessa Freire resgata a história do dirigente da UBES Thomazinho Meireles, único amazonense na lista de desparecidos políticos no período da Ditadura Militar, para fundamentar o papel histórico que os trabalhos da comissão vem reparar.

Para ele, a conclusão de casos cujas vítimas são consideradas como desaparecidas pelo fato dos arquivos da Ditadura não terem sido abertos e julgados permite que o país conheça melhor sua história e os parentes das vítimas tenham suas aflições amenizadas. Bessa cita uma entrevista concedida pela mãe de Thomazinho, em 1995, e os seus anseios por conhecer a verdade por trás do “desaparecimento” do filho como a única indenização que ela gostaria de receber. Falecida há dois anos, D. Maria levou para o túmulo seu maior desejo.

O tom da argumentação de Arthur Neto e de Bessa Freire demonstram que mais uma vez entra em rota de colisão os que defendem os ideiais daqueles que já pagaram com a própria vida o desenvolvimento das classes populares, a justiça e a soberania desse país. E representantes de setores que se dispõem a tudo para manter os privilégios das classes dominantes. Ainda que para isso tenham que jogar na lata do lixo da história de seus antecedentes familiares.

Organizações como a OAB e inúmeras entidades do movimento social se manifestaram a favor da instalação da Comissão da Verdade. Manifestações em defesa das investigações já estão sendo programadas por todo Brasil.

De Manaus,
Anderson Bahia