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Eduardo Guimarães: por que Lula, o Filho do Brasil incomoda

Mal posso acreditar que depois de tudo que já escreveram, disseram e mostraram CONTRA o filme sobre a vida de Lula que acaba de chegar aos cinemas, e de dizerem que é um “fracasso” de público, que é ruim, que é feio, que cheira mal e que dá dor de cabeça, continuem descendo a lenha nele.

Por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com

Agora foi a vez de Eugênio Bucci escrever um artigo enorme no Estadão para dizer o que pelo menos alguns milhares de textos de jornais, revistas, sites e blogs já disseram exatamente com as mesmas palavras e teorias, e com as variações óbvias e possíveis no contexto que se quer martelar na cabeça do público.

O que importa no artigo de que trato, para o veículo que o publicou, nem é o que diz o texto, mas quem o diz.

Bucci é filiado ao Partido dos Trabalhadores desde o início dos anos 1980, foi um dos criadores e o primeiro editor da revista Teoria e Debate, editada pela Fundação Perseu Abramo. É um petista que trabalhou em jornais como Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e na revista Veja.

De janeiro de 2003 a abril de 2007, dirigiu a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação S.A). Depois, assumiu o posto de professor da USP e de membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, além de ter passado a colaborar com O Estado de S. Paulo e com o Observatório da Imprensa.

Depois que saiu da EBC, por alguma razão “inexplicável” passou a malhar o governo que integrava. Coisa que quase não acontece com quem tem uma boca em um governo e tem que sair dela.

Mas não importa. O que impressiona é escreverem tanto contra um filme que dizem que é “ruim” e um “fracasso” de público. Por que gastar tanto esforço contra uma suposta estratégia de Lula para se promover que teria fracassado?

A explicação mais simples, e que vale a pena expor, é a de que o filme sobre a vida de Lula desmente – ou se contrapõe – a tudo o que esses jornais, revistas, rádios e tevês disseram dele desde que despontou no cenário político em fins dos anos 1970.

Qualquer um que assista a esse filme verá uma história verossímil que explica por que Lula chegou aonde chegou e por que seu governo tem tido tantos êxitos, mesmo que a explicação do filme não seja a correta.

Como a trajetória de Lula é uma explicação completamente verossímil para o sucesso que o Brasil vem tendo no seu governo, e como o Lula das telas não combina com o da imprensa, há que desfazer a verossimilhança.

Até agora, no entanto, quando vejo essa enxurrada dessa repetição monótona de uma mesma idéia, sem que um só grande veículo ouse publicar coisa diferente, lembro-me de minha santa avozinha, hoje feliz habitante da Terra dos Pés Juntos, que sempre me avisou de que “Ninguém chuta cachorro morto”.

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