Com passeata do guarda-chuva metalúrgicos da Randon voltam à rua

Após uma sexta-feira tumultuada com direito a repressão policial, agressões e prisão de dirigentes, o sindicato dos metalúrgicos retomou nesta segunda-feira as assembléias na Randon. No final do dia cerca de 400 trabalhadores do turno da tarde, mesmo debaixo de chuva fina, fizeram a "passeata do guarda-chuva" pelo centro da cidade até a sede do sindicato.

passea

Foi a injeção de ânimo que falatava após um final de semana marcado pela apreensão sobre o futuro do movimento, tendo em vista que o nível de repressão usado pela polícia militar na manhã de sexta-feira há muito não se via em Caxias, e a empresa resolvera se manter irredutível quanto à não renegociação do PPR dos funcionários. Nem mesmo a tentativa de mediação da 2ª Vara da Justiça do Trabalho caxiense foi suficiente para a Randon alterar a sua posição. Em reunião realizada no final do dia de sexta-feira, a Juíza Magáli Mascarenhas Azevedo tentou acordo para o pagamento de R$ 900 para cada funcionário, o que acabaria com o impasse.

A avaliação do presidente do sindicato Assis Melo é de que a posição da Randon é mais política do que qualquer outra, pois "não ficaria mais pobre ao conceder os R$ 900 aos funcionários o que resolveria o problema". Para o dirigente, a empresa tem como objetivo atacar a organização dos trabalhadores, por isso não cede em nada.

Já a gerente administrativa corporativa da Randon Implementos, Maria Tereza Casagrande, tem apenas reafirmado que a empresa não vai alterar as regras estabelecidas na sua PPR, algo que é comum em outras empresas locais quando o valor da participação fica muito baixo.


Guarda-chuvas tomam ruas do centro

Às 18h15, os trabalhadores, protegidos por guarda-chuvas, ingressaram na rua Pinheiro Machado, uma das mais movimentadas do centro. Além da revisão da PPR, os trabalhadores protestaram contra a violência policial ocorrida durante a mobilização na sexta-feira passada.

Na assembleia que ocorreu no final da passeata, já no auditório do sindicato, a plenária reafirmou a decisão de fazer nova manifestação na manhã desta terça. Os grevistas acompanharam com aplausos e gritos de apoio a Assis Melo, que insistia para um maior engajamento na greve: “Não dá para deixar só meia dúzia de companheiros na porta da fábrica. Temos que estar lá todos os dias de manhã. Tem que descer do ônibus e ficar ali conosco. Vamos precisar de um sacrifício a mais”, disse.

O presidente do Sindicato afirmou que a greve é um direito dos trabalhadores e que, portanto, os funcionários não poderão ser demitidos por causa disso, enquanto estiverem paralisados. Ainda segundo ele a Brigada Militar "manchou a honra" dos metalúrgicos ao agir com truculência na sexta-feira. “Não podemos, depois de tudo o que aconteceu, baixar a cabeça. Se a gente não tenta a gente não sabe se vai dar certo. A guerra começa hoje”, disse.

“Greve não é coisa fácil. Amanhã é o dia de a gente parar aquela fábrica. E toda ela!”, afirmou Leandro Velho, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. A plenária do auditório lotado aprovou por unanimidade a indicação do sindicato.

“Eles dão desculpa de que têm muitos funcionários. Mas se têm mais, deveria dar mais lucro. A crise atingiu só a Implementos?”, questionou um manifestante, revoltado com o PPR de R$ 77. “Abaixo a ditadura!”, apoiou outro.

Campanha

O sindicato deverá colocar na rua uma campanha de mídia por justiça no PPR da Randon. A idéia é reforçar o apoio da sociedade ao movimento. Segundo o coordenador de comunicação da entidade, Alberto Gonçalves, as peças irão denunciar a postura de intransigência da empresa.

Clomar Porto
com agências