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China decreta novas medidas para controle da liquidez

Objetivo é conter eventual disparo do gatilho da inflação.  Presente de ano novo ofereceu aos mercados o governo de Pequim, exatamente na véspera do Ano Novo chinês, destinado ao controle da liquidez no sistema financeiro do país.

Por Lee Wong, no Monitor Mercantil

Pala segunda vez em um mês, o Banco do Povo da China (banco central) ordenou aos bancos do país que mantenham reservas maiores, assustando assim os mercados, pois trouxe de volta a preocupação de que a terceira maior economia do mundo poderá, talvez, agir mais agressivamente no âmbito da política monetária, com prováveis consequências sobre a evolução de recuperação da economia.

A elevação das reservas dos bancos era esperada; porém, o elemento que surpreendeu foi a proximidade do segundo aumento com o primeiro. A reação dos investidores foi imediata: se apressaram a modificar suas posições de alto risco fortalecendo o dólar. Ações e petróleo evoluíram descendentemente, enquanto salto considerável registraram as debêntures na Europa e nos EUA.

De acordo com a nova regulamentação, os bancos serão obrigados a reter como reserva 16,5% de seus depósitos, embora o denominador específico para cada banco será diferente. Esta decisão segue a divulgação dos dados sobre a inflação que demonstraram recuo de 1,9% em dezembro para 1,5% mês passado, mas, de acordo com opinião geral, a inflação deverá mover-se em evolução ascendente nos próximos meses.

Anotem que no epicentro de atenção das autoridades do governo encontra-se o mercado de imóveis e seus velozmente aumentados preços que, mês passado, eram 9,5% superiores em comparação com ano passado. A estável tendência de alta nos imóveis, em sintonia com o salto registrado no endividamento bancário, mantém os temores de bolhas no mercado de imóveis.

Alta de crédito

Analistas de bancos aqui, de Hong Kong, destacam que o Banco do Povo está enviando uma mensagem extremamente clara aos bancos de que "recomenda" um endividamento mais contido, considerando que monitora com grande atenção a evolução da inflação.

Mas os analistas advertem que o aumento das reservas dos bancos não deve ser interpretado como uma medida séria de adoção de uma política mais restritiva, porque terá reflexo restritivo somente na contenção da liquidez que foi canalizada à economia antes do Ano Novo chinês, cuja entrada dura uma semana.

Contudo, mesmo assim não se reduz o elemento surpresa nos mercados, particularmente porque a China já havia anunciado na semana anterior os dados sobre a inflação, os quais registraram inesperada desaceleração mês passado. E, de acordo com avaliação geral, o recuo da inflação será provisório por causa de fatores sazonais.

Entretanto, os novos dados mostram também claramente que, apesar da campanha do governo de Beijing para contenção do endividamento, a batalha para o controle dos créditos revela-se extremamente difícil.

Os bancos chineses concederam empréstimos totalizando 1,39 trilhão de iuans (US$ 203,4 bilhões) mês passado. O volume de empréstimos de 1,39 trilhão de iuan liberado corresponde a 19% da meta fixada pelo Banco do Povo para empréstimos durante o ano inteiro (7,5 trilhões de iuans).

Esta farta oferta de dinheiro cresceu 26%, contra 17% que era a previsão do Banco do Povo para o total deste ano. Com o aumento do denominador para as reservas dos bancos, os maiores bancos da China serão obrigados a reservar 16,5% de seus depósitos, limitando assim a concessão de empréstimos.