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Folha esconde informações na matéria-denúncia contra José Dirceu

Atento as artimanhas da chamada grande imprensa, o jornalista Luis Nassif diz no seu blog que o repórter Márcio Aith, da Folha de S.Paulo, escondeu informações essenciais na matéria em que deixa transparecer que o ex-ministro José Dirceu atuou para beneficiar o empresário Nelson dos Santos, da Star Overseas, no caso da reativação da Eletrobrás. O fato serviu para parlamentares do DEM já falarem em CPI no Congresso Nacional.

Segundo a Folha, Nelson dos Santos, que contratou a consultoria de Zé Dirceu, comprou mais da metade das ações da estatal Eletronet (51%), da Eletrobrás, pelo valor irrisório de R$ 1. A estatal tinha dívidas no valor de R$ 800 milhões, mas com a reativação o governo arcaria sozinho com todos os prejuízos, cabendo ao empresário um lucro de R$ 200 milhões.

“Os dados não batem com o que está acontecendo. O repórter Márcio Aith – que se tornou especialista em missões especiais – definiu uma tese e escondeu informações essenciais que a desmentia. Mais uma jogada em que se misturam informações técnicas incompletas com conclusões que não se sustentam nos fatos”, diz Nassif.

O blogueiro explicou que há um tempo criou-se a Lightpar para permitir investimentos em redes de fibras óticas, mas a empresa faliu. A AES repassou para Nelson sua parte na Light que equivale a 51% das ações com capital negativo e 49% ficaram com a Eletrobras.

“Acontece que a Eletronet é uma concessão pública. Decretada sua falência, a Eletrobras retomou a rede de fibras óticas, sem pagar nada por ela. Simplesmente cassando a concessão. É uma confusão porque entram Aneel (que regula o setor elétrico) e Anatel (que regula as telecomunicações). Mas a intenção clara da ação do governo foi tomar a empresa sem pagar nada aos demais acionistas”, explica o blogueiro.

Diz que o problema ocorreu com os credores, fornecedores das fibras óticas (Furukawa e Lucent) que têm R$ 800 milhões a receber e querem saber como o governo fará para pagar após a reativação da estatal, uma ação que corre na Justiça.

“A rigor, nesse imbróglio jurídico, não há o menor espaço para nenhuma espécie de pagamento ao tal Nelson. Aith é um repórter complicado. Desde que passou pela Veja, algo se quebrou no seu rigor de repórter. Por exemplo, no texto ele fala em pagamento de R$ 200 milhões ao Nelson. Se a Eletrobras está disputando na Justiça o direito de retomar a estrutura da Eletronet sem pagar um tostão, de onde ele tirou a história do pagamento de R$ 200 milhões?”, questiona.

Nassif diz que as conclusões do repórter são equivocadas ao citar uma fala de Lula dizendo que o governo briga a cinco anos pelo controle da Eletronet e não menciona que terá de entrar em acordo com Nelson. “Não informa os leitores que a retomada já foi feita e está sendo tentada na Justiça, sem nenhuma espécie de pagamento”, diz.

“Outro ponto que espanta os observadores desse processo é que o governo decidiu arcar sozinho, sem nenhuma contrapartida de Santos, com a caução judicial necessária para resgatar a rede de fibras ópticas, hoje em poder dos credores. Ora, mas se a ideia é o governo retomar a rede de fibras óticas sem pagar nada à Eletronet, qual a razão do sócio Santos depositar caução? Teria lógica se ele fosse ficar com um pedaço da Eletronet”, ironiza.

O blogueiro diz ainda que a dúvida sobre a motivação da matéria pode ser a briga de credores insatisfeitos com o não pagamento de suas dívidas; o próprio Nelson, sabendo que sua aposta na empresa micada não vai dar em nada; uma tentativa de torpedear o projeto de banda larga do governo ou uma tentativa de atingir a Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Nota Zé Dirceu

Em nota o ex-ministro José Dirceu diz que a Folha joga sujo para atacar plano de banda larga do governo e lhe prejudicar. “ Fui surpreendido com a manchete de 1ª página da Folha de S.Paulo (“Nova Telebrás beneficia cliente de Dirceu”), extraída da reportagem “Dirceu recebe de empresa por trás da Telebrás”, preparada sob encomenda para atingir dois objetivos: 1) atacar o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) do governo federal; 2) levantar suspeitas sobre minha participação em uma disputa que corre na Justiça do Rio de Janeiro, entre os credores da empresa Eletronet, seus sócios privados e o governo, pelo controle do ativo de 16 mil km de fibras ópticas”, diz o ex-ministro.

Afirma também que há uma disputa judicial sobre a qual nem ele e nem qualquer cidadão tem condições de interferir. “Exista ou não o PNBL e a reorganização da Telebrás, os credores, os proprietários da Eletronet e o governo federal terão que responder pelos passivos e ativos da Eletronet. E cada um poderá ser prejudicado ou beneficiado”, explica.

Da Sucursal de Brasília,
Iram Alfaia