As bolhas do capitalismo e o futuro da China
FMI acredita que China não é uma bolha; já o Bird acha que sim. O mal com as bolhas das bolsas de valores, do sistema financeiro e dos mercados internacionais é que tornam-se perceptíveis depois que estouram e causam irreparáveis prejuízos.
Por Lee Wong, no Monitor Mercantil
Publicado 26/02/2010 13:54
A história das bolsas de valores está repleta de bolhas, desde a bolha da tulipa, em 1636, na Holanda, até a bolha da Internet, em 2000, nos EUA. Na atualidade alguns meses após a derrocada de setembro de 2008, vários economistas se questionam: a Bolsa de Valores de Taiwan, que aumentou 118% em um ano, é bolha? O preço do cobre, que duplicou, é bolha? O ouro, o açúcar, o mercado de móveis de Xangai (aumento de 87%) são bolhas?
Muitos chegam a ponto de duvidar até da saúde econômica de Estados poderosos, como, por exemplo, a China, enquanto o Goldman Sachs prevê que em 2027 – em 17 anos a partir de hoje – a economia da China terá superado a economia dos EUA.
Entretanto, apesar dos extremamente impressionantes dados, um crescente ceticismo predomina entre os mais importantes analistas internacionais. Poderá a China manter este frenético ritmo de crescimento de 10%? A China envelhece?
Já 20% de sua população está acima de 60 anos. Poderá transformar seu modelo fortemente exportador em um outro que será baseado apenas na demanda interna? O que ocorrerá quando começar a pagar o custo para a proteção ambiental que hoje inexiste e que provoca a morte de 765 mil pessoas por ano?
O que está acontecendo?
O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a China não é uma bolha, mas o Banco Mundial (Bird) tem opinião diferente. J. Chanos, que revelou o escândalo da Enron em 2000, nos EUA, sustenta que a China é uma bolha mil vezes pior do que aquela de Dubai. Jim Rogers, guru dos hedge funds, não tem a menor dúvida de que o futuro da China será brilhante.
Dezoito meses após a explosão de 2008, destacados economistas, analistas e banqueiros confessam que não poderiam prever a crise, assim como não haviam compreendido absolutamente a complexidade e o nível de risco de muitos produtos financeiros que produziam, compravam e vendiam nos mercados internacionais.
Alguns mencionam falta de ferramentas sérias de análise com relação a assumir riscos (sistemic risks). Outros declaram que uma bolha é sempre imprevisível porque "estoura" quando no mesmo instante realiza-se a coincidência (cristalização) de muitos parâmetros que não são previsíveis e não é possível de serem medidos.
Mas existe sempre a suspeita de que alguns sabem, mas, por interesse, não falam. É provavelmente certo que as bolhas constituem criações próprias do sistema. Se assim for, o mundo deverá aprender a viver junto com tudo isso tentando, com quaisquer sistemas de controle que possam ser adotados, limitar sua frequente presença e sua extensão.