A crise do capitalismo não acabou e recuperação é incerta
Economistas e acadêmicos de diferentes correntes de pensamento reunidos em Havana no XII Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e Problemas do Desenvolvimento, coincidiram no diagnóstico de que a crise mundial do capitalismo ainda não acabou e que as perspectivas de recuperação são incertas.
Publicado 04/03/2010 17:00
O encontro foi aberto terça-feira (2) e será encerrado sexta (5). Vários especialistas apontaram que o panorama é cada vez mais nebuloso para os países pobres e os setores de menores rendimentos.
Desequilíbrios e bolhas
James Galbraith, da universidade estadunidense do Texas, apontou que a atual recessão, mais do que outras, consolida as desigualdades entre ricos e despossuídos num cenário em que só se insiste em desequilíbrios financeiros e bolhas hipotecárias.
Indicou que em seu país se geraram milhares de hipotecas como um processo legal, mas com empréstimos falsos, o que estourou e destruiu grandes capitais fictícios e falsos níveis de solvência. Para Galbraith a crise não terminou e sua solução exigirá muita imaginação e esforço.
Ofensiva contra o trabalho
O belga Eric Toussaint, do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, considerou, em um painel sobre as perspectivas da crise, que a aplicação de políticas neoliberais no início da década intensificou a ofensiva do capital contra o trabalho.
Em sua opinião, sem lutas sociais e de classe não haverá pressão para a mudança de tais políticas espoliadoras. Por isso conclamou uma maior atividade dos movimentos anticapitalistas.
A crise global é o epicentro do importante encontro que anualmente reúne em Havana o pensamento econômico mais avançado do mundo de uma perspectiva plural e de diversificada sobre problemas da humanidade.
Integração como saída
A integração econômica e política dos países latino-americanos tem amenizado os impactos da crise, segundo os participantes do evento. Quem mais sofreu com a recessão exportada pelos Estados Unidos são as nações que, como o México e o Canadá, ampliaram sua dependência em relação ao mercado norte-americano.
O PIB mexicano despencou mais de 6% em 2009, enquanto o Brasil, que diversificou o destino de suas exportações e reduziu relativamente as vendas para os EUA, ficou em situação bem mais confortável, com taxa de crescimento próxima de zero. Em 2009, a China se transformou na principal parceira comercial do Brasil, deslocando os EUA.
Cerca de mil delegados e convidados de 40 países e 39 organismos internacionais assistem o evento, iniciado ontem na capital cubana.
Com informações da Prensa Latina