Guerra ao Terror é o grande vencedor do Oscar. Por quê?
O filme Guerra ao Terror foi o grande vencedor do Oscar deste ano, conquistando seis estatuetas, entre elas a de melhor filme e a de melhor diretora, para Kathryn Bigelow. Na véspera do 8 de Março, ela se converteu na primeira mulher a receber o prêmio de direção. A escolha da Academia pode ter viés político – ou ser apenas mais uma dessas premiações com as quais o Oscar espera fazer o politicamente correto.
Publicado 08/03/2010 16:32
O longa-metragem também venceu nas categorias roteiro original, montagem, som e edição de som.
"Isto é realmente, não há outra maneira de descrever, o momento de uma vida", disse Bigelow, que foi apenas a quarta mulher indicada como diretora na história da Academia.
"Eu gostaria de dedicar isto às mulheres e aos homens no serviço militar que arriscam suas vidas diariamente no Iraque, Afeganistão e ao redor do mundo. Que eles possam voltar para casa em segurança", declarou.
O filme, uma produção independente de orçamento modesto e que teve inclusive problemas na distribuição, surpreendeu ao bater "Avatar", recorde de bilheteria e de faturamento, cujo diretor, James Cameron, já foi casadoi com Bigelow. Antes tido como favorito, 'Avatar' recebeu apenas três estatuetas: de efeitos visuais, fotografia e direção de arte.
Filme de temática engajada, “Guerra ao terror” trata do conflito no Iraque. Conta a história de uma brigada de desarmamento de minas e acompanha um militar que tem uma forma especial de lidar com o stress de guerra. Sem atores famosos, a produção confirma a marca da cineasta, que passa longe das produções açucaradas e prefere focar ambientes costumeiramente masculinos, sob um olhar forte e marcante e com muita ação e tensão.
A ideia desta produção não é retratar a guerra como um espetáculo típico de Spielberg, por exemplo. Um sinal disso é a citação que abre o filme, tirada do livro “War Is a Force That Gives Us Meaning”, do correspondente do New York Times, Chris Hedges. O texto diz: “O calor de batalha é um vício poderoso e muitas vezes letal, porque a guerra é uma droga. A guerra é uma droga”. E o que a diretora busca é justamente expor esse vício ao público, talvez uma tentativa de entender porque essa guerra se arrasta a tantos anos.
Ou seja, a Academia pode ter optado por premiar um filme sobre a guerra do Iraque, por achar que é uma importante reflexão sobre este combate. Também pode ter decidido louvar pela primeira vez o trabalho bem feito de uma mulher na direção. É possível ainda, que seja um sinalização de que os filmes independentes precisam ser valorizados, paralelamente às mega-produções de orçamentos estratosféricos, como Avatar.
Pode ser, entretanto, apenas mais uma daquelas investidas do Oscar no sentido de anunciar que quebrou tabus com atitudes simpáticas como esta de premiar pela primeira vez – e tardiamente – uma mulher.
Outras categorias
Nas categorias de melhor ator e atriz, ganharam Jeff Bridges (“Coração louco”) e Sandra Bullock (“Um sonho possível”). Fazendo jus ao ótimo trabalho em "Bastardos inglórios", de Quentin Tarantino, a Academia premiou Christoph Waltz, como ator coadjuvante, por seu papel de um afetado oficial nazista.
O longa "Preciosa – Uma história de esperança", que concorria em seis categorias, foi premiado pelo melhor roteiro adaptado e pela interpretação de Mo'Nique, que recebeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante.
Na briga entre os estrangeiros, o argentino “O segredo dos seus olhos”, de Juan Jose Campanella, superou o favoritismo de Michael Haneke e “A fita branca”.
Up – Altas aventuras levou os prêmios de melhor animação e de trilha sonora. A vencedora de melhor canção original foi “The weary kind”, de “Coração louco”. O Oscar de maquiagem foi para “Star Trek”.
Com agências