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Memória: como Glauco ajudou a revolucionar a imprensa sindical

O cartunista Glauco Villas Boas, de 53 anos, assassinado na madrugada do dia 12 de março, em Osasco (SP), junto com seu filho, Raoni Villas Boas, de 25 anos, foi um dos artistas que mais colaboraram na luta contra a ditadura. Glauco apoiou o movimento sindical por meio de personagens e histórias criadas para apoiar a luta dos trabalhadores.

Criador dos personagens Geraldão, Dona Marta e Casal Neuras, entre outros, ele começou a carreira no início dos anos 1970, quando foi trabalhar no Diário da Manhã, em Ribeirão Preto, onde fazia a tira Rei Magro e Dragolino. Pouco tempo depois, em 1976, o jovem cartunista foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba. No ano seguinte, começou a publicar esporadicamente suas tiras na Folha de S.Paulo.

Com o crescimento do movimento popular contra a ditadura, no final da década de 1970, uma nova geração de artistas percebeu que podia usar o humor também como forma de denúncia política e, com isso, atingir amplas parcelas da população. Ao lado de Angeli, Laerte, Henfil e outros artistas, Glauco passou a criar materiais destinados ao movimento sindical.

Na mesma época, em 1978, surgiu a Oboré — uma espécie de cooperativa de jornalistas e artistas criada para colaborar com os movimentos sociais e de trabalhadores —, que se tornou um espaço onde eles se reuniam pra produzir campanhas para os sindicatos. Sergio Gomes, o Serjão, fundador e coordenador da Oboré, lembra que Glauco “tinha e teve, durante todo esse tempo, muita sensibilidade para se identificar facilmente com as causas dos oprimidos”.

Segundo Serjão, o cartunista ajudou a modificar a linguagem das entidades sindicais. “Foi uma época em que o movimento sindical atraiu o que havia de melhor entre os artistas para apoiar sua imprensa”, ressalta.

Os corpos de Glauco e Raoni foram sepultados sábado (13), no Cemitério Gethsemani Anhanguera. Na noite de domingo (14), a polícia deteve, em Foz do Iguaçu (PR), Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 24 anos, suspeito de matar o cartunista e o filho.

Da Redação, com informações da Agência Sindical