Bovespa recua com dados da Europa e dos EUA
Com notícias negativas provenientes do cenário externo pesando contra os mercados logo cedo, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) seguiu o front internacional e encerrou os negócios em baixa, apesar de ter operado com volatilidade no início da tarde.
Publicado 24/03/2010 19:49
Ao fim do pregão, o Ibovespa marcava queda de 0,68%, aos 68.913 pontos. O volume financeiro negociado atingiu R$ 5,751 bilhões. O primeiro fator que afetou o humor dos investidores veio do continente europeu, com o rebaixamento da dívida soberana de Portugal pela Fitch Ratings.
Novidades negativas nos EUA
Partindo para o cenário americano, as novidades negativas partiram do setor imobiliário. O Departamento de Comércio dos Estados Unidos revelou que as vendas de moradias novas no país diminuíram 2,2% no mês passado, para uma taxa anualizada de 308 mil unidades.
Em janeiro, a marca registrada foi de 315 mil unidades, após revisão. O indicador também ficou abaixo do nível verificado em fevereiro de 2009, em 13%.
Num quadro também de baixa dos preços das commodities e fortalecimento da moeda americana, os índices americanos fecharam os negócios no campo negativo. O Dow Jones teve queda de 0,48%, enquanto o S & P 500 recuou 0,55% e o Nasdaq perdeu 0,68%.
Fragilidade no ramo imobiliário
"O dia começou ruim com o rebaixamento de Portugal. O mal estar foi mantido em Nova York com os dados muito fracos de vendas de casas novas, indicando que o setor segue muito debilitado. A Petrobras ainda tentou sustentar o índice no lado positivo, mas, quando desacelerou os ganhos, deixou de influenciar tanto", comentou o economista do Banco Schahin, Sílvio Campos Neto.
Apenas 11 das 63 ações que integram o Ibovespa fecharam em alta, com destaque para os papéis PN da Petrobras, que subiram 0,75%, a R$ 36,09, e para as ações ON, com valorização de 1%, para R$ 40,30. Os ativos movimentaram R$ 675,9 milhões e R$ 163,9 milhões, respectivamente.
Petrobrás
Além de corrigirem as perdas da última sessão, as ações refletiram a fala do presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, que afirmou que a capitalização da empresa é essencial para permitir a implementação do Plano de Negócios da companhia entre 2010 e 2014, que ainda está em fase de finalização, mas já prevê investimentos entre US$ 200 bilhões e US$ 220 bilhões no período.
" Estamos avaliando que não pode deixar de ter capitalização em 2010. Se o Congresso não aprovar, vamos ter que ter alguma outra alternativa de capitalização " , apontou o executivo.
A estatal trabalha com a possibilidade de a capitalização ocorrer ainda no primeiro semestre. Gabrielli afirmou acreditar que os quatro projetos enviados ao Congresso serão aprovados até 6 de junho, mas admitiu que, caso a capitalização e a cessão onerosa sejam aprovadas antes, não haverá empecilhos ao processo.
O presidente ainda confirmou que a companhia precisa de uma capitalização que coloque entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões no caixa este ano, de forma a tornar possível o plano de negócios.
Vale
Na ponta oposta, depois de terem sido o destaque de alta da jornada de ontem, os papéis da Vale fecharam em baixa. As ações PNA movimentaram R$ 547,9 milhões, com recuo de 0,10%, a 48,50.
Também apresentaram volume significativo as ações ON da OGX Petróleo, com giro de R$ 209,1 milhões, em baixa de 0,24%, a R$ 16,53.
A empresa anunciou hoje uma nova descoberta na Bacia de Campos. Foi identificada presença de hidrocarbonetos em uma das seções do poço 1-OGX-8-RJS, dentro do bloco BM-C-41. A companhia detém 100% de participação neste bloco.
Entre as maiores quedas do índice, figuraram as ações PN da Net, com desvalorização de 4,33%, a R$ 22,51; Eletropaulo PNB, com baixa de 3,9%, a R$ 38,1; e Cesp PNB, com depreciação de 3,68%, a R$ 22,99.
No sentido oposto, lideraram os ganhos do Ibovespa, além de Petrobras, as ações ON da Redecard, com alta de 2,79%, a R$ 31,25. e os papéis ON da Gafisa, com apreciação de 1,59%, a R$ 12,75.
A Gafisa conseguiu captar R$ 1,062 bilhão em sua oferta primária de ações. Os papéis foram emitidos ao preço de R$ 12,50 cada. Ao todo, foram emitidas 85 milhões de ações ordinárias, o que mostra que a companhia conseguiu colocar, quase integralmente, o lote suplementar da operação, de 15%. A emissão inicial era de 74 milhões de ações.
Os papéis PN da Cemig, que divulgou seu balanço, também subiram 0,43%, a R$ 30,00. A empresa terminou 2009 com lucro líquido consolidado de R$ 1,861 bilhão, ou 1,38% abaixo do montante registrado um ano antes, de R$ 1,887 bilhão. A receita operacional líquida somou R$ 11,705 bilhões, excedendo os R$ 10,890 bilhões do exercício antecedente.
E ainda no setor elétrico, a Eletrobras divulgou hoje seu orçamento para os investimentos referentes ao exercício de 2010. Segundo a empresa, os aportes deverão somar R$ 9,397 bilhões.
As ações PNB da companhia cederam 1,23%, a R$ 31,94, en quanto os papéis ON caíram 1,82%, a R$ 25,77.
Fora do índice, o destaque ficou com os papéis da Telebrás. Em meio a notícias dando conta que o Tesouro Nacional condena a reativação da estatal para ser a gestora do PNBL (Programa Nacional de Banda Larga), os papéis tiveram forte baixa. As ações PN da empresa cederam 13,6%, a R$ 1,46, enquanto as ON despencaram 12,34%, a R$ 1,42.
Na agenda de amanhã, no cenário americano, destaque para os números semanais de pedido de seguro-desemprego. Na Europa, as atenções estarão voltadas para o início da reunião dos países europeus, que poderá dar novas pistas sobre uma ajuda financeira à Grécia.
Fonte: Beatriz Cutait do Valor