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Cenário de crise na Europa derruba bolsas em Nova York e S. Paulo


A crise fiscal que sacode a Europa teve um novo desdobramento nesta quarta-feira (23) com o anúncio do rebaixamento da classificação da dívida soberana de Portugal pela agência Fitch Ratings. A notícia provocou mau humor nos mercados de capitais, que fecharam em baixa nos Estados e no Brasil.

Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,48%, a 10.836,15 pontos, depois de marcar a mínima de 10.825 pontos (queda de 0,59%) durante o pregão. Por sua vez, o S & P 500 recuou 0,55%, para 1.167,72 pontos, enquanto o Nasdaq Composto cedeu 0,68%, para 2.398,76 pontos. O Ibovespa acompanhou Nova York, encerrando o pregão desta quarta (24) com queda de 0,68%, aos 68.913 pontos. O volume financeiro negociado atingiu R$ 5,751 bilhões.

Portugal e Grécia

" Embora Portugal não tenha sido proporcionalmente afetado pela desaceleração global, suas perspectivas de recuperação econômica são mais fracas do que as dos outros 15 países-membros da zona euro, o que pressionará mais as finanças públicas no médio prazo " , afirmou Douglas Renwick, diretor na área de soberanos da agência de rating, que rebaixou a classificação da dívida soberana do país para "AA- " , com perspectiva negativa.

Fora isso, as preocupações sobre Grécia voltaram ao foco dos agentes, na esteira de declarações do ministro da Economia da Alemanha, Rainer Bruederle, de que seu país permanece contra um auxílio financeiro aos gregos, reduzindo as esperanças sobre um pacote de resgate da União Europeia.

À beira do calote

Os agentes também reagiram a declarações do subdiretor de economia global do UBS Investment Bank, Paul Donovan, de que a Grécia chegará a uma situação de default (calote) em algum momento.

Diante dessas notícias, os investidores preferiram realizar os ganhos dos últimos dois dias ou correram para ativos de menor risco, o que explica uma valorização do dólar no mercado de divisas.

Dólar em alta

O dólar comercial não só recuperou a perda acentuada de ontem, como foi além e marcou máxima de preço para o mês. O divisa subiu 1,29%, para fechar a R$ 1,800 na compra e R$ 1,802 na venda, maior preço desde o final de fevereiro.

Na roda de " pronto " da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), o dólar subiu 1,12%, para fechar a R$ 1,8005. O volume caiu 60%, para US$ 59 milhões. No interbancário, os negócios recuaram de US$ 3,1 bilhões para US$ 1,7 bilhão.

Volatilidade

Segundo o gerente de operações da Terra Futuros, Arnaldo Puccinelli, operações pontuais levam o mercado para um lado ou para o outro de forma muito acentuada.

Ontem, foi a entrada de recursos externos que derrubou o dólar em mais de 1%. Já hoje, a piora de humor no mercado internacional e a antecipação de remessas em função dessa maior incerteza foram suficientes para levar a moeda de volta para cima de R$ 1,80.

Segundo Puccinelli, o que preocupa é a situação da Europa, que parece se complicar cada vez mais. "A situação é delicada. E a recomendação para o investidor é cautela " , diz Puccinelli, alertando que caso esse cenário venha a piorar, o dólar futuro deve buscar, sem dificuldade, a linha de R$ 1,825 a R$ 1,830.

Da redação, com Valor