Farc devem ser reconhecidas como força beligerante
Seguidas administrações colombianas, a partir dos anos 1980, com Julio Turbay Ayala, Belisario Betancur, Virgilio Barco, César Gaviria, Ernesto Samper e Andrés Pastana reconheceram de fato a guerrilha, ao estabelecer mesas de diálogo e acordos de paz, embora sem dar o passo 'burocrático' de considerá-la como “força beligerante” diante do temor de reforçar a autoridade e o poder da guerrilha com um reconhecimento desta natureza.
Publicado 01/04/2010 19:58
No direito internacional recente tem havido casos como o da Frente Sandinista de Libertação Nacional (1978) e a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (1981) que gozaram do reconhecimento internacional como forças beligerantes: o primeiro, ao ser reconhecido o Governo Provisório nomeado pela FSLN e outras organizações durante os meses finais de insurreição contra Somoza; o segundo, ao conseguir o propósito diplomático de ser reconhecido como “força beligerante” por alguns países (México e França) mesmo que não o tenha sido até 1984, quando Napoleão Duarte, que estava à frente do governo salvadorenho, não reconheceu a FMLN.
A Convenção de Genebra (1949) estabelece de forma clara (artigo 3) os preceitos pelos quais uma força irregular deve ser reconhecida como “beligerante”, para todos os efeitos, pela comunidade internacional:
2) Que o Governo legítimo esteja obrigado a recorrer ao exército regular para combater aos insurretos, que têm que estar organizados militarmente e dispor de uma parte do território nacional.
3) Que o Governo legal tenha reconhecido aos insurretos a condição de beligerantes,
b) que tenham reconhecido aos insurretos a condição de beligerantes exclusivamente com vistas à aplicação do Convenção,
c) que o conflito tenha sido incluído na ordem do dia do Conselho de Segurança da Assembléia Geral das Nações Unidas como constitutivo de uma ameaça contra a paz internacional, uma ruptura da paz ou um ato de agressão.
b) que as forças armadas estejam às ordens de uma autoridade organizada e estejam dispostas a conformar-se às leis e costumes da guerra.
A similitude entre o "Patriot Act" dos primeiros e o Plano Patriota dos segundos não é casual. O Plano Patriota foi a maior e mais ambiciosa campanha militar do estado colombiano contra a guerrilha, talvez desde a Operação Marquetalia nos anos 60. Seu objetivo é a derrota estratégica da guerrilha, principalmente as Farc, e criar as condições para uma nova negociação onde a guerrilha já não esteja em uma posição de força, mas de debilidade.
Neste momento, os movimentos antiimperialistas devem pressionar seus governos pelo reconhecimento da guerrilha colombiana como "força beligerante", a fim de pressionar por uma solução pacífica ao conflito na Colômbia.
Até o momento, os Estados Unidos e Uribe revertem a lógica do conflito, cujo caráter político é inegável, posto que tem sua origem e se alimenta de situações estruturais de injustiça e exclusão social, política e econômica.
Da redação, com agências