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Rio: Cabral pede mudanças na lei para permitir desapropriações

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, pediu hoje (7) mudanças na legislação que impede que recursos federais sejam utilizados para indenizar moradores em áreas de risco que não possuem registro de imóvel.

“Este é um pleito de todos os prefeitos, pois 95% das habitações em áreas de risco não possuem regulamentação fundiária. E para a gente ter objetividade precisamos de uma legislação especial, que pode ser alterada através de medida provisória”, disse o governador.

Segundo ele, a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, mostrou-se receptiva com a sugestão do Estado do Rio e dos municípios atingidos pelas recentes chuvas.

Hoje, qualquer programa do governo federal exige, por meio da Caixa Econômica Federal, o título de propriedade reconhecido (RGI) para indenizar famílias desapropriadas ou para reassentá-las.

Cabral informou que realizou, nos últimos três anos, 7.200 desapropriações sem o documento de registro do imóvel, devido à criação de uma legislação estadual. Ainda segundo ele, por esse motivo, muitas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) puderam ser levadas adiante.

O governador fez as declarações durante uma reunião esta tarde com o ministro de Integração Nacional, João Santana, para avaliar os estragos deixados pelas chuvas dos últimos dois dias e os investimentos necessários para obras de emergência.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), descartou a hipótese de que a mudança na lei possa estimular a proliferação de construções de casas irregulares. “O que estimula a construção irregular na cidade do Rio é a conivência das autoridades. O poder público precisa apenas agir com rigor e é o que faremos.”

Paes anunciou ainda a remoção compulsória de moradores do Morro dos Prazeres e de parte da favela da Rocinha. Segundo ele, nestas duas comunidades serão reassentadas de 1.500 a 2.000 famílias.

"De um lado não estamos mais permitindo a expansão de comunidades em áreas de risco e novas ocupações. De outro vamos avançar no reassentamento da cidade. Essa vai ser a linha", afirmou.

O prefeito admitiu que o plano de contingência da cidade falhou logo no começo do temporal, no fim da tarde de segunda-feira. "Mas funcionou bem na terça-feira. Claro que ajustes terão que ser feitos", disse.

Rio precisa de R$ 370 milhões para recuperar cidade

O governador classificou a reunião com o ministro João Sanatana como "muito produtiva", na qual foi passado um diagnóstico "preciso" das medidas que devem ser adotadas no Rio e as necessidades reais da cidade.

O prefeito Eduardo Paes e o governador pediram ao ministro uma ajuda de R$ 370 milhões para a recuperação da cidade.

Segundo Paes, R$ 100 milhões são para obras emergenciais na cidade, sendo R$ 70 milhões para obras de geotecnia em vias e encostas e outros R$ 30 milhões para obras de dragagem em vários pontos da cidade.

O prefeito solicitou ainda ao governo federal R$ 270 milhões para a execução de obras que evitem constantes inundações na Praça da Bandeira, que faz a ligação entre o centro e a zona norte.

"É necessária uma obra estrutural na Praça da Bandeira, que, desde Carlos Lacerda, desde que o Rio é Rio, é um problema", disse o governador, durante entrevista concedida após reunião com o ministro e os prefeitos de 12 municípios atingidos pela chuva.

O ministro afirmou que o presidente Lula deve atender à solicitação. "De certo, com a sensibilidade do presidente Lula e do amor que ele tem por esse País, com certeza teremos sucesso. A resposta deve acontecer até amanhã no caso do município do Rio", afirmou Santana, ressaltando que os outros municípios afetados pela chuva ainda não mensuraram a necessidade do recurso.

Mais cedo, o prefeito de Niterói, Jorge Roberto da Silveira (PDT), havia solicitado de R$ 15 a 20 milhões de apoio para a cidade, a que teve mais mortes causadas pelo temporal.

Com agências

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