Dilma: Internet será instrumento democrático nas eleições

"A internet vai ter um importante papel no Brasil. Se vai ser igual aos Estados Unidos eu não sei. Vai ser uma campanha diferente. O twitter vai ter um papel grande, os blogs, os blogueiros, os twitteiros. Pela primeira vez em tempo real as pessoas vão poder dar sua opinião, vão poder perguntar, criticar, interrogar, colocar suas dúvidas. É um instrumento muito grande de participação na democracia. Para nós vai ser muito importante a Internet”, afirmou a pré-candidata.

A estratégia da pré-campanha petista é buscar na blogosfera potenciais eleitores. Com o objetivo de alcançar 200 mil cadastrados para receber informações sobre a ex-ministra, os coordenadores da campanha vêm fazendo consultorias a marqueteiros responsáveis por utilizar a web como ferramenta para alavancar o então senador Barack Obama à presidência dos Estados Unidos no ano passado.

4.400 pessoas acompanharam

O lançamento do blog oficial de Dilma Rousseff foi acompanhado por 4.437 conexões simultâneas, segundo o coordenador da campanha para a internet, Marcelo Branco. Para ele, a audiência pode ser considerada alta para este tipo de transmissão. Durante toda essa segunda-feira, a militância do PT foi convocada para participar da transmissão.

Por cerca de 40 minutos, Dilma respondeu perguntas de cinco blogueiros convidados e internautas. Ao lado de Dilma, estavam Branco e a jornalista Helena Chagas, também coordenadora da pré-campanha.

A ex-ministra afirmou que pretende fazer semanalmente uma "conversa" com internautas. "Toda semana, talvez não uma hora, talvez um pouco menos, eu quero fazer esse diálogo", afirmou.
A pré-candidata também lançou hoje um perfil no Facebook e no Orkut. Semana passada, ela abriu uma página no Twitter, que já conta com 30 mil seguidores.

A ex-ministra tentou expressar casualidade durante a entrevista. "Eu tenho essa mania de falar ‘acho’ e estou querendo perder." Perguntada sobre o uso de óculos, Dilma disse que se acha feia com eles.

Ela comentou sobre as mulheres no poder, o combate ao uso do crack e a questão indígena. Dilma ainda disse que gosta de assistir novelas. No entanto, ela se confundiu ao dizer que gostava da novela do "Bem Amado", quando queria dizer "Roque Santeiro". "Eu acho que novela é um gênero muito interessante." Dilma afirmou que sua filha Paula terá um filho e que ele se chamará Gabriel.

Biografia ampla e transparente

Em seu blog pessoal, Dilma optou por registrar um currículo amplo e transparente, sem esconder nenhum aspecto de sua biografia. A biografia lembra que Dilma foi presa e torturada durante a ditadura militar e após sua libertação ocupou vários cargos políticos no Rio Grande do Sul, entre eles o de secretária estadual de Minas. "Dilma aumenta em 46% a capacidade do sistema energético gaúcho e faz do Rio Grande do Sul um dos poucos estados brasileiros a não sofrer o racionamento de energia imposto pelo governo FHC, entre junho de 2001 e fevereiro de 2002", registra o blog.

Ao abordar o currículo da ministra, o site informa que a ex-ministra fez Ciências Econômicas na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e em 1998 iniciou o curso de doutorado em ciências sociais na Unicamp, em Campinas, mas não concluiu porque estava "envolvida na sucessão estadual gaúcha".

Os organizadores do site negam que o blog tenha caráter eleitoral e organizaram as informações tomando todos os cuidados para evitar que a página seja considerada propaganda antecipada.

No vídeo de apresentação do site, Dilma afirma aos internautas que criou a página para "matar curiosidades" e revelar o currículo e questões pessoais. A candidata afirma que é uma "ávida leitora" e que tem como seus "autores prediletos": o antropólogo francês Claude Levi-Strauss, o filósofo grego Nicos Poulantzas e o romancista russo Fiódor Dostoievski.

A petista fala ainda sobre a luta contra um câncer linfático no ano passado. Em um dos vídeos disponíveis, que foi exibido no "Fórum Saúde da Mulher no Século XXI – Avanços e Desafios" na semana passada, a ex-ministra disse que sempre pensou em superar a doença.

"As pessoas criam uma imagem do câncer muito ligada à morte. Para mim a doença está ligada ao fato de que você pode superá-la, que você é mais forte do que ela. Que se você olhar para dentro de você e tiver apoio de quem você gosta, é uma doença que você pode superá-la. A força da gente é só a gente que tem. Tenha certeza absoluta de que a doença passa", disse.

Com agências