MST ocupa sede da superintendência do Incra no Rio de Janeiro

Dezenas de manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam, no dia 19, a sede da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio de Janeiro. O protesto faz parte do Abril Vermelho, que lembra o conflito, ocorrido há 14 anos em Eldorado dos Carajás (PA), quando 19 lavradores foram mortos em confronto com a Polícia Militar.

Pelo menos 30 pessoas vão acampar, por tempo indeterminado, no gabinete do superintendente regional do Incra. Cerca de 300 pessoas ocupam as calçadas em frente ao prédio onde fica o instituto, no centro do Rio.

Segundo o representante do Diretório Nacional do MST, Marcelo Durão, a manifestação também serve para pedir rapidez no processo de assentamento de 800 famílias vinculadas ao movimento no Rio de Janeiro. Além disso, segundo Durão, é preciso facilitar a vida das famílias já assentadas, com a concessão de crédito e a melhoria da infraestrutura dos assentamentos.

“É uma pauta que a gente já vem negociando há muito tempo. Então, esse protesto é uma forma de a gente fazer uma pressão, reunindo famílias de várias partes do estado”, disse Marcelo Durão, durante a manifestação.

O superintendente do Incra no Rio, Gustavo Souto de Noronha, recebeu os manifestantes em seu gabinete e reconheceu o direito dos sem-terra de se manifestar por meio da ocupação.

Noronha disse que a reforma agrária é uma demanda histórica dos trabalhadores rurais, que não será resolvida em apenas um governo. Segundo ele, cerca de 1,8 mil famílias aguardam para serem assentadas no estado.

“Temos um problema com a Justiça, que demora muito para decidir as ações de desapropriação ou então paralisa o processo no meio. Junto a isso, as demandas não param. Então nossa velocidade institucional, não só do Incra como das instituições da sociedade brasileira, não é condizente com a demanda e a necessidade das famílias de trabalhadores rurais, que precisam de terra para trabalhar”, disse Noronha.

Segundo o superintendente, outra dificuldade encontrada pelo Incra para assentar famílias de sem-terras no Rio de Janeiro é a força dos fazendeiros no estado, que, de acordo com Noronha, são muito bem organizados.

Informações da Agência Brasil