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Ahmadinejad: Irã vai preservar cultura e valores

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reagiu nesta terça-feira (27) à pressão das potências ocidentais para impor sanções ao seu país por causa do programa de energia nuclear que o país desenvolve. Para Ahmadinejad, as disputas mundiais associadas ao que chamou de "arrogância global" impedem o desenvolvimento regional. Ele disse que seu país vai lutar para manter a cultura e os valores próprios.

Ahmadinejad se reuniu nesta terça com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, que foi ao país para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em maio. Anteriormente o ministro se encontrou com o presidente do Parlamento iraniano, Ari Larijani, com o chanceler do país, Manouchehr Mottaki.

O chanceler Mottaki ressaltou a importância do Irã e do Brasil no cenário global e afirmou que os dois são "grandes jogadores internacionais que podem desempenhar um papel fundamental no estabelecimento da paz e da segurança internacionais".

"Estamos otimistas sobre as perspectivas de uma cooperação coletiva entre os dois países e acreditamos que a ampliação desses laços irá beneficiar tanto as duas nações como toda a região", disse Mottaki.

Amorim, por sua vez, disse que encerrou sua missão no Irã de forma "mais otimista" sobre um acordo para evitar sanções contra o país. "As conversas em Teerã foram profundas e complexas, mas não definitivas. Saio daqui mais otimista", disse Amorim, antes de embarcar de volta ao Brasil.

Durante a visita, o chanceler voltou a defender o diálogo como a melhor saída ao impasse sobre o programa nuclear do país, mas afirmou que o Irã tem que garantir à comunidade internacional que seu programa não tem objetivos militares.

Em entrevista coletiva transmitida pela emissora iraniana Press TV, após encontro com Mottaki, Amorim também fez um apelo para que o governo iraniano e as potências mundiais demonstrem "flexibilidade" para chegar a um acordo sobre o assunto.

"O Irã deve ter o direito de manter atividades nucleares pacíficas, mas a comunidade internacional deve receber garantias de que não haverá violações nem desvios para o uso em fins militares", afirmou o ministro.

"Na maioria das vezes, por algum motivo, pode haver dúvidas e até suspeitas. Mas o que o Brasil diz é que todas essas ambiguidades precisam ser eliminadas."

Em entrevista à agência de notícias Irna após os encontros em Teerã Amorim afirmou que o Brasil está interessado em evitar que o Conselho de Segurança da ONU imponha uma nova rodada de sanções ao Irã. "Acreditamos que sanções são ineficientes", afirmou. "A única coisa que as sanções fazem é prejudicar as pessoas, principalmente as classes mais baixas."

O Brasil é membro temporário do Conselho, que reúne ainda outros 14 países. Para serem aprovadas, as sanções precisariam de pelo menos nove votos na organização, sem que nenhum dos membros permanentes usem seu poder de veto.

Ainda na mesma entrevista, Amorim disse que o Brasil poderia considerar a hipótese de realizar em território nacional o enriquecimento de urânio para o Irã. "Até o momento, não houve uma proposta. Mas se recebermos essa proposta, ela seria examinada", afirmou.

Sobre as críticas à aproximação do Brasil com o Irã, o ministro afirmou que elas são "naturais". "Até nossos melhores técnicos de futebol enfrentam críticas", brincou. "Mas as críticas não podem ser vistas como uma pressão."

Homenagem a trabalhadores

Durante homenagem a trabalhadores realizada hoje, Ahmadinejad reiterou que seu governo vai manter os atuais programas, preservando a cultura e os valores iranianos. “A nação iraniana está determinada a conquistar picos de sucesso e desenvolvimento preservando sua própria cultura e longe dos padrões de estilo ocidentais”, disse.

Em seguida, o presidente iraniano acrescentou que a finalidade é reconstruir o país baseando-se em ativos domésticos. “A arrogância global está apostada em dominar as nações semeando a discórdia entre eles.”

Segunda-feira (26), o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, criticou a pressão internacional, liderada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para impor sanções ao seu país. “A linguagem de sanções e resoluções não é a apropriada para o diálogo e a interação com a República do Irã.”

Na semana passada, Lula definiu como estratégica a visita de Amorim à Turquia, à Rússia e ao Irã. No próximo dia 15, o presidente irá a Teerã. Porém, ele considera fundamental manter antecipadamente uma série de reuniões diplomáticas em favor de negociações que impeçam sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear.

Da redação, com informações da Agência Brasil e BBC Brasil