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Candidato de Uribe muda estratégia e contrata 'rei da campanha suja'

Em duas semanas, o candidato do Partido Verde à presidência da Colômbia, Antanas Mockus, ultrapassou, em dez pontos, o ex-ministro da Defesa de Uribe, Juan Manuel Santos, antes considerado favorito na disputa. Diante do novo cenário, Santos reconheceu falhas na sua campanha e decidiu mudar de estratégia.

Faltando vinte e cinco dias para a eleição presidencial, a campanha do Santos decidiu reagir, depois de reconhecer que estava equivocada, em especial quanto ao uso de novas tecnologias. O polêmico assessor venezuelano, JJ Rendón, irá dirigir a campanha de Santos daqui por diante, o que sucitou críticas e renúncias entre os assessores, pois há quem o aponte como o "rei das campanhas sujas" na política latino-americana.

"Nossa campanha vai acelerar o ritmo. O presidente Uribe deixou-nos uma herança e não quer arriscar o que foi alcançado ", disse o antigo ministro da defesa, em seu website, ao apresentar a estratégia para os próximos dias. Esta consiste em "estar mais em contato com vocês", disse Santos, pausadamente, em um tom que está longe das fortes declarações e gestos bruscos que, geralmente, usam o presidente Uribe e ele.

"É o momento de fazer ajustes e corrigir o rumo. Milhares de vozes provenientes das regiões sentem que nossa campanha presidencial deve dar uma guinada. Quero anunciar que entendemos a mensagem. Revisamos a estratégia e hoje relançamos nossa campanha", disse Santos.

O anúncio, que incluiu a contratação do cientista político e publicitário venezuelano Juan José Rendón, surpreendeu os seus atuais assessores. "Foi uma decisão tomada pelo candidato. Eu fiquei sabendo no domingo. Ele decidiu o que tinha que decidir, e então… ele é quem põe a mão no fogo", disse Ricardo Galán, estrategista de imprensa de Santos.

Galán, ex-porta-voz presidencial de Uribe e que lidava com a mídia na campanha do candidato governista, admitiu que a subida de Mockus nas pesquisas criou em Santos "a urgente necessidade de adotar medidas de confronto".

Santos "teve duas etapas: uma de soberba absoluta, onde acreditou já ser presidente e não fez muito, e agora (está) morto de susto ante o fenômeno Mockus. Quer fazer um remendo urgente contratando este polêmico personagem com o qual não estamos dispostos a trabalhar", disse outro de seus assessores.

Rendón – que ajudou nas campanhas de Porfirio Lobo, em Honduras, e do Partido Revolucionario Institucional, no México, entre outras – é questionado na Colômbia por setores que garantem que dirigiu "uma guerra suja" contra o liberal Rafael Pardo, ex-ministro da Defesa e atual aspirante à presidência. O publicitário venezuelano já teve desentendimentos públicos com o congressista Nicolás Uribe, que ainda não decidiu se deixará a campanha governista.

Para atenuar as críticas, Santos negou que sua campanha explorará pontos negativos do candidato do opositor Partido Verde, Antanas Mockus. De acordo com levantamento divulgado na última sexta-feira pela empresa Datexco, Mockus, que foi prefeito de Bogotá por duas vezes, tem 38,7% das preferências, contra 26,7% de Santos.

O primeiro turno das eleições está marcado para o dia 30 de maio. Caso nenhum dos dois candidatos alcance 50% dos votos, será realizado um segundo turno, no dia 20 de junho.

Com agências