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Colômbia: Ação de paramilitares amedronta e provoca morte

A população de diversas regiões da Colômbia está amedrontada com a atuação dos grupos paramilitares. Cidadãos comuns, comunidades indígenas, acadêmicos e membros de entidades estudantis estão sendo ameaçados e atingidos pela guerra provocada por grupos paramilitares a poucos dias das eleições presidenciais. Os conflitos já provocaram uma morte e feriram nove pessoas.

No Vale do Cauca e em Puerto Tejada, os grupos paramilitares estão ameaçando os habitantes dos municípios de Jamundí, Yumbo, Buenaventura, Zarzal, Flórida e das comunidades 12, 14 e 18 da cidade de Cali, desde o início de março. Por meio de panfletos que são colocados debaixo das portas, cartazes colados nos postes e até por mensagens enviadas pela internet colocam medo nas populações e alertam que estão fazendo uma limpeza social.

A fim de controlar as comunidades, informam que ninguém deve sair no horário de 22 às 8h e dizem que não vão se responsabilizar por aqueles que se encontrarem fora de casa depois do horário permitido e se morreram inocentes. "(…) deitem os meninos bons, que os meninos maus os deitamos nós", ameaçam.

Em Tacueyó, município de Toribio, ao norte de Cauca, a guerrilha e o exército nacional estão se enfrentando desde as 8h da manhã de ontem (6) e causando diversos prejuízos humanos e materiais ao povoado. O conflito provocou a morte de uma jovem de 19 anos. Patricia Noscue era integrante da Guardia Indígena do Cabildo de Tacueyó e foi assassinada enquanto trabalhava no campo. Na mesma localidade nove pessoas foram feridas, entre eles crianças.

Segundo informações do Tecido de Comunicação e Relações para a Verdade e a Vida da Associação de Cabildos Indígenas do Norte de Cauca (ACIN), em assembleia comunitária realizada na última segunda-feira (3), os habitantes das comunidades afetadas, o cabildo de Tacueyó e a população em geral decidiram que não vão se render e vão se mobilizar massivamente a fim de pedir aos autores da guerra respeito à vida aos territórios.

Em 27 de abril, as ameaças foram direcionadas às autoridades do povo Misak, em Silvia, Cauca. Uma mensagem enviada ao correio eletrônico oficial da Autoridade Ancestral do povo Misak pelo grupo paramilitar de direita ‘Autodefesas Unidas Colômbia (AUC)’ exigia que fosse deixada de lado a luta contra o governo. "(…) cominar a líderes indígenas a que deixem de lado o discurso e fatos arcaicos a favor dos direitos indígenas e ideologias atacando as boas e nobres intenções do alto governo a favor da paz (…)", diz parte da mensagem. Também são emitidas ameaças de morte a Don Lorenzo Muelas, defensor dos povos indígenas.

Ante esta situação, o povo Misak iniciou uma campanha pedindo que fosse enviada urgentemente às autoridades colombianas uma carta expressando preocupação, repúdio e indignação com as ameaças do grupo paramilitar AUC.

Os membros da Associação Colombiana de Estudantes Universitários (ACEU) também sofreram ameaças de morte por parte do que chamam de "Nova Geração da AUC". As ameaças tiveram início após um processo de debate e mobilização convocado pela comunidade estudantil a fim de criar espaços democráticos para a definição do novo Reitor da Universidade de Sucre. Após mobilização realizada em 28 de abril, para rechaçar o mecanismo antidemocrático e excludente desta eleição, um e-mail ‘aconselhava’ os estudantes a retirarem toda atividade do interior da Universidade. A mensagem também fazia ameaças de morte a alguns estudantes.

Fonte: Adital