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Em dia de forte oscilação, dólar marca sexta alta seguida

O dólar comercial teve um pregão de acentuada instabilidade. A moeda oscilou mais de 3% entre máxima e mínima até fechar na maior cotação em três meses.

Depois de marcar R$ 1,899 pela manhã, os compradores deram trégua no período da tarde. Mas, ainda assim, o dólar comercial fechou a R$ 1,861 na venda, o que representa valorização de 1,25% sobre o fechamento de ontem. Tal preço é o maior desde 8 de fevereiro.

Esse foi o sexto pregão seguido de alta. Na semana, o preço da moeda americana já subiu 3,16%. E agora em maio o dólar já se valorizou 7,08%.

Na roda de "pronto" da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), o dólar registrou alta de 1%, para fechar também a R$ 1,861. O volume se recuperou, passando de US$ 55,25 milhões para US$ 147,25 Já no interbancário, o giro estimado ficou próximo de US$ 5 bilhões, o que pode ser considerando alto.

Segundo o trader de renda fixa e câmbio do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella, o mercado tem a típica cara do que se chama "bear market", ou mercado de baixa (mercado urso, na tradução literal).

O sinal local mais claro disso é a forte volatilidade no preço dos ativos. O dólar, por exemplo ia a R$ 1,90 depois caía a R$ 1,85 em instantes de pregão, para depois fazer o mesmo movimento novamente.

Já um termômetro da aversão ao risco e da instabilidade em âmbito global é o VIX, índice que mede a volatilidade das opções de ações nos EUA. O indicador fez máximas em 14 meses acima dos 46 pontos, recuou e depois voltou a subir para fechar aos redor dos mesmos 46 pontos, uma disparada de 30%.

Olhando o câmbio externo, Portella chama atenção para o comportamento do euro, que reverteu perdas e voltou a ganhar do dólar.

Isso mostra a reversão de uma estratégia clássica, que era a venda do euro e compra de outros ativos. Agora, explica o especialista, são os outros ativos que perdem valor enquanto o euro se valoriza. Ou seja, os investidores estão fazendo o caminho inverso.

Voltando para o mercado local, o especialista avalia que o dólar ainda pode avançar até R$ 1,90 / R$ 1,95 antes que os agentes partam para o que se chama de ajuste técnico.

O que embasa tal expectativa é o comportamento do dólar futuro na BM & F, que ruma para fechamento mais próximo de R$ 1,90 do que R$ 1,86. E a perda de importantes suportes técnicos no mercado americano, o que pode levar à zeragem de posições, ou seja, o preço atingiu o limite de baixa tolerado pelos investidores.

Parte do mal-estar desta quinta-feira foi por uma série de notícias sobre novas proibições de venda a descoberto na Europa e sobre a possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) atuar para contes a desvalorização do euro.

"Há muitos rumores circulando, mas nada se sabe com certeza. A única coisa certa é que a proibição, apenas pela Alemanha, das vendas a descoberto não vai funcionar se o resto dos países não seguir o mesmo modelo. E mesmo que isso venha a acontecer, se os EUA e o Reino Unido ficarem de fora, tais proibições não vão servir de muita coisa", disse uma economista baseado na Europa que preferiu não se identificar.

Olhando agora as posições na BM & F, apesar da valorização acentuada de preço da moeda americana, os bancos seguem ampliando as posições vendidas (aposta pró-real) no mercado futuro. Ontem, as instituições venderam mais US$ 828 milhões, ampliando o estoque de posição vendida para US$ 6,65 bilhões.

Na ponta oposta, os estrangeiros elevaram sua posição comprada, mas em volume menor. Foram 7.123 contratos, ou US$ 356 milhões. Com isso, o montante acumulado foi a US$ 1,94 bilhão.

Fonte: Valor