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Produtores de leite colombianos protestam contra TLC com UE

A Cúpula dos chefes de estados da América Latina e Caribe (ALC) com a União Europeia (UE) terminou hoje (19) em Madri, capital da Espanha, com assinaturas de acordos políticos e comerciais entre os países. Mas, o tratado assinado pelo presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que incluiu o setor leiteiro no Tratado de Livre Comércio (TLC) com a União Europeia foi um dos que mais causou reações contrárias na população.

Hoje, após a assinatura do convênio, produtores de leite de várias regiões da Colômbia iniciaram uma série de protestos para rejeitar a decisão do presidente. Os trabalhadores reclamam que a decisão impactará negativamente sobre eles. A justificativa para o repúdio se dá pelas poucas condições que os produtores leiteiros colombianos têm de competir com os produtores europeus. Eles asseguraram que a ação do presidente Uribe provocará a quebra da indústria láctea da Colômbia.

Prejuízos

O presidente da Associação de Leiteiros de São Pedro dos Milagres (Prolesa), Juan Mauricio Gómez, disse que os produtores consideram que a medida vai contra os interesses de um dos principais setores da economia colombiana. Já o presidente da Federação Colombiana de Agricultores (Fedegan), José Félix Lafaurie Rivera, afirmou que o convênio causará o fracasso de, pelo menos, 200 mil famílias que possuem menos de 50 gados.

Para tentar amenizar os protestos, o presidente colombiano prometeu que no próximo dia 24, o Conselho Nacional de Política Econômica e Social adotará um documento no qual obrigaria o Governo a dar apoio ao setor leiteiro e às cerca de 400 mil famílias que sobrevivem desta atividade no país. É importante lembrar que a Colômbia está às vésperas de realizar suas eleições presidenciais.

Competitividade

Depois da assinatura do Tratado, Uribe anunciou que a UE criou um fundo de 30 milhões de euros, que estariam destinados a socorrer o setor leiteiro da Colômbia, para que assim se possa manter a competitividade.

Um relatório encomendado pela Comissão Europeia admitiu que o TLC assinado com a Colômbia e o Peru pode ter impacto negativo sobre a pobreza e o meio ambiente nestes países, e, como se não bastasse, estimularia os conflitos sociais na região andina. Até a assinatura do convênio com a Colômbia, os únicos países latino-americanos que tinham um TLC com a UE eram o Chile e o México.

Multilateralismo

A VI Cúpula concluiu o encontro com um apelo da América Latina e Caribe para que os governos em todo o mundo se apóiem no multilateralismo. A presidente da Argentina, Cristina Fernandez Kirchner, defendeu a causa por um mundo multipolar.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, pediu ao bloco comunitário que deixe de ver os latino-americanos como suas antigas colônias. O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que a política imigratória excludente, impulsionada pela Europa e Estados Unidos, não coincide com o passado, quando a América Latina abriu os braços aos imigrantes europeus que fugiam da guerra.

A Cúpula encerrou o encontro com a aprovação de uma declaração final que tem por objetivo dar um salto qualitativo nos vínculos birregionais. O comum acordo é dar prioridade à cooperação entre os dois territórios e também promover a cooperação nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. O próximo encontro da Cúpula da ALC e UE se realizará no Chile, dentro de dois anos.

Fonte: Adital