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Partidos de esquerda destacam pertinência histórica da 2ª Conclat

A participação de seis partidos políticos de esquerda realçou a força e a representatividade da 2ª Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), realizada nesta terça-feira (1º/6), no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Ao reunir 30 mil lideranças sindicais — ligadas à CUT, à Força Sindical, à CTB, à Nova Central e à CGTB —, o encontro demonstrou que a unidade do movimento pode ser decisiva neste ano de eleições presidenciais.

“Esta é uma data histórica. As centrais representam 90% dos trabalhadores brasileiros e, se conseguirem manter a unidade, vão fortalecer o caminho das mudanças que o Brasil trilhou no governo Lula”, discursou Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB. Na opinião de Renato, o Brasil vive um “momento político propício à implantação de um novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania, valorização do trabalho, fortalecimento da democracia e da integração sul-americana”.

Para o presidente do diretório estadual do PT-SP, Edinho Silva, uma das marcas da conjuntura política é “o protagonismo alcançado pelas mulheres”. Mas é preciso, segundo ele, “avançar ainda mais, aprofundar as mudanças do governo Lula”, de modo que todas as mulheres “tenham direitos respeitados” e “sejam protagonistas”. A fala do presidente estadual do PT tem respaldo na disputa à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já conta com duas pré-candidatadas — as ex-ministras Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV).

A Conclat alertou, ainda, para as relações internacionais, sobretudo ao acirramento das tensões no Oriente Médio. Vários oradores — tal como o presidente do PDT-SP, Miguel Torres — condenaram as agressões que a Marinha de Israel perpetrou, nesta segunda-feira (31/5), contra um comboio humanitário organizado pela ONG Free Gaza. “Numa época em que o presidente Lula e o Brasil põem em prática uma campanha pela paz mundial, Israel pratica uma ofensiva criminosa, que merece de todos nós uma moção de repúdio”, propôs Miguel Torres.

Já a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), uma das mais aplaudidas na conferência desta terça-feira, afirmou que um evento do porte da Conclat ajuda “a fortalecer a democracia e a luta dos trabalhadores para conquistar seus direitos”. De acordo com a parlamentar, a “Agenda da Classe Trabalhadora”, aprovada na conferência, sobressai por enfatizar a necessidade de mudanças estruturais no Brasil, como as reformas políticas, agrária e tributária.

249 reivindicações

Proposta inicialmente em dezembro de 2007, durante o Congresso da Fundação da CTB, a ideia de realizar uma nova edição da Conclat — a primeira ocorreu em 1981 — ganhou, aos poucos, a adesão do movimento sindical. Das seis centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho, apenas a UGT se furtou a participar deste encontro histórico.

Embora a maioria dos dirigentes sindicais do país manifeste apoio a Dilma Rousseff, a 2ª Conclat não deliberou apoio a nenhum dos pré-candidatos à sucessão de Lula. Seu principal objetivo foi influenciar nos programas de governo dos presidenciáveis, com base nas 249 reivindicações da “Agenda da Classe Trabalhadora”.

De São Paulo,
André Cintra