Jô Moraes se contrapõe a Serra com prestação de contas de Evo

A redução de 5 mil hectares de plantação de coca na Bolívia, sem a necessidade do uso da violência, foi um dos principais argumentos apresentados pela deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) para se contrapor ao ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que acusou o presidente Evo Morales de ser “cúmplice do narcotráfico”. Para ela, a posição é equivocada, “pois a Bolívia, país-irmão, tem feito imenso esforço para tirar sua população da miséria”.

Jô Moraes deu testemunho deste esforço, lembrando que acompanhou as últimas eleições do segundo mandato de Evo Morales, que distribuiu uma prestação de contas de 100 itens. Ela cita o tópico 20 como demonstração do “completo equívoco do ex-governador José Serra”. O item 20, além de registrar a redução da plantação de coca, também aponta,“a destruição de mega fábricas de elaboração de cloridrato de cocaína e a apreensão de grandes quantidades de drogas”.
A parlamentar criticou a intervenção indevida dos Estados Unidos nos países da América Latina e citou: “como avalia o presidente Evo Moraes, com a expulsão do Departamento Americano de Entorpecentes, começaram a melhorar os indicadores na luta contra o narcotráfico”.

Política externa
O respeito à dinâmica própria do país-irmão e sua possibilidade de contribuir para que a América Latina viva um novo tempo também foram argumentos usados por Jô Moraes, que anunciou, da tribuna da Câmara, o enviou do fax com os 100 itens da prestação de contas de Evo Morales, a José Serra.

Na oportunidade, ela reiterou seu protesto contra o ataque do Exército de Israel ao comboio de ativistas que levava ajuda humanitária aos palestinos na Faixa de Gaza. Segundo a deputada, “o ato criminoso demonstra a urgência de se instaurar um clima de paz na região, e a absoluta justeza da posição do presidente Lula, ao tentar estabelecer um acordo de paz com o Irã, com a colaboração do presidente da Turquia”. E completou: “Nossa política externa precisa ser compreendida como um passo adiante, uma conquista dos tempos de globalização”.

Discurso
Eis a íntegra do pronunciamento da deputada Jô Moraes, feita na manhã do dia 2, durante sessão plenária da Câmara:
“Senhor Presidente, caros Deputados, queridas Deputadas, o ato criminoso realizado pelo Estado de Israel contra os ativistas que levavam ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza, mais do que nunca, demonstrou a urgência de que se instaure um clima de paz naquela região.

O episódio também demonstrou a absoluta justeza da posição do Presidente Lula, ao tentar estabelecer um acordo de paz com o Irã, também levado a cabo pela colaboração do Presidente da Turquia. Nossa política externa precisa ser compreendida como um passo adiante, uma conquista dos tempos de globalização.

Dentro desse clima, quero registrar como é equivocada a posição do ex-Governador José Serra em relação à Bolívia, país irmão que tem feito imenso esforço para tirar sua população da miséria. Estive acompanhando as últimas eleições do segundo mandato do Presidente Evo Morales, que distribuiu uma prestação de contas integrada por 100 itens.
O item 20, demonstra o completo equívoco do ex-governador José Serra, pois registra que foram reduzidos 5 mil hectares de coca sem a utilização de força de violência, destruídas megafábricas de elaboração de cloridrato de cocaína e aprisionadas grandes quantidades de drogas. Como avalia o presidente Evo Morales, a expulsão do Departamento Americano de Entorpecentes” – uma intervenção indevida dos Estados Unidos nos países da América Latina –, “começaram a melhorar os indicadores na luta contra o narcotráfico”.

Considero que o nosso país-irmão necessita ter respeitada sua dinâmica própria e sua possibilidade de contribuir para que a América Latina viva um tempo novo. Ao dar tal testemunho, registro que mandarei ao ex-governador José Serra fac-símile da prestação de contas do Presidente Evo Morales.
Que os irmãos bolivianos sejam respeitados e se incorporem a um novo tempo da América Latina. A paz é o único caminho, mas o respeito à soberania alheia também se faz necessário.
Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.”

Foto: Arquivo pessoal

Jô Moraes com o presidente da Bolívia, Evo Morales