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Taiwan e Pequim preparam inédito acordo de livre comércio

Taiwan está propensa a assinar um acordo de livre comércio com Pequim, num gesto que a aproximaria mais do que nunca da China continental. O presidente taiwanês, Ma Ying-jeou, disse acreditar que isso colocará a ilha a salvo de turbilhões econômicos e ajudará a acabar com seu isolamento.

Funcionários dos governos de Pequim e Taipé estão preparando os termos do acordo, conhecido pela sigla ECFA (do inglês Economic Cooperation Framework Agreement). As negociações, já estão em sua terceira.

Os temas das conversações incluem uma lista de produtos e serviços que gozarão de taxações reduzidas. Há a preocupação de proteger os ramos mais vulneráveis da indústria taiwanesa do impacto da concorrência continental, embora em alguns ramos as empresas da ilha sejam muito competitivas.

Forte dimensão política

Mesmo sendo um acordo econômico, o ECFA teria uma forte dimensão política, no sentido de aproximar os chineses dos dois lados do estreito do objetoivo estratégico da "reunificação pacífica da pátria". Assim ele é visto em taiwan, tanto pelo governo como pela oposição.

O presidente Ma é do Kuomitang, um partido tradicionalmente inclinado a fortalecer os laços com o continente. Daí sua determinação de avancar no acordo. A base do entendimento 'e o "Consenso de 1992". alcancado em Hong-Kong, em novembro daquele ano, em que as duas partes afirmam partilhar do princípio de 'uma só China'.

Já a oposição, representada pelo Partido Democrático Pogressista e aliados, inclina-se para a "independência de Taiwan". O PDP esteve no governo entre 2000 e 2008, quando a presidência foi ocupada por Chen Shui-bian (mais tarde preso e condenado à prisão perpéua por corrupção). Mas não conseguiu consumar sua proposta separatista, energicamente combatida pela China continental.

Agora, o PPD resiste ao acordo de livre comércio. Exigiu um referendo sobre o tema e ao vê-lo rejeitado anunciou "10 anos de guerra de resistência".

A estratégia da "reunificação pacífica"

A perseverante política chinesa de "reunificação pacífica" não se deixa impressionar, nem impacientar, nem demover. Já obteve a reincorporação de Hong-Kong e Macau, uma década atrás, mas promove a integração dos dois ex-enclaves coloniais passo a passo e mediante concessões.

Em relação a Taiwan, até hoje abastecida com armas pelos estados Unidos, o processo promete ser ainda mais tortuoso, mas continua a avançar. Os voos diretos entre a ilha e o continente, inexistentes até o governo Ma, agora se multiplicam. A perspectiva de "um só mercado", através do ECFA, seria um passo de dimensões muito maiores.

Da redação, com agências