Caboclos lançam o motor rabeta a gás

A inteligência e a criatividade dos povos da floresta sempre impressionam até mesmo aos mais sábios pesquisadores. Utilizam plantas para curar doenças diversas, impressionam o mundo com o espetáculo do Boi Bumbá e, agora, desenvolveram a tecnologia do motor rabeta movido à gás.

A invenção pode ser presenciada entre os ribeirinhos da Comunidade São Raimundo do Cubuá, localizada no município de Maraã. Em praticamente todas as canoas daquelas imediações é possível ver uma pequena botija de gás liquefeito de petróleo (GLP) – o popular gás de cozinha, ligada por uma mangueira ao motor rabeta.

A "tecnologia" made in Amazônia é uma invenção dos próprios ribeirinhos que perceberam a economia no uso do gás em relação ao consumo de diesel. Para fazer uma viagem de ida e volta à Tefé, por exemplo, seriam gastos uma média de 6 litros de diesel ou R$ 18,00 enquanto que a mesma viagem sairia por R$ 5,00 se fosse feita com o motor a gás, uma vez que com uma única botija de 8kg é possível fazer até cinco viagens.

Élcio dos Santos Marinho, 26 anos, um dos que usa a nova "tecnologia" conta que conheceu a novidade através de outros ribeirinhos. Segundo ele, é realmente muito mais vantajoso usar o motor rabeta a gás. "As coisas já são difíceis pra gente e podendo economizar eu economizo. Desde que eu soube disso eu só ando com a minha botijazinha a bordo", acrescenta.

Os motores tipo rabeta foram doados pela Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) e a adaptação ficou a cargo de cada contemplado que, devido à simpliscidade em que vive e a exclusão de alguns recursos – resultado do próprio isolamento geográfico da Amazônia – desenvolveu essa capacidade de adaptar e inovar.

A descoberta impressionou a comitiva de representantes da Sepror e ao deputado estadual
Eron Bezerra (PCdoB), que visitou a comunidade neste fim-de-semana. Para o deputado é impressionante a capacidade criativa dos ribeirinhos. "A tecnologia que nem a china ainda descobriu já faz parte do dia-a-dia do nosso caboclo", ressaltou Eron.

De Maraã,
Odinéia Araújo