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China flexibiliza política cambial e yuan sofre forte valorização

No último sábado (19), o governo chinês anunciou a flexibilização da política cambial do país, numa concessão à pressão internacional, liderada pelos EUA, contra o câmbio fixo estabelecido em 2008 para fazer frente à crise econômica mundial. A mudança, que não significa a adoção do câmbio livre ou flutuante, resultou numa forte valorização do yuan.

A moeda chinesa subiu nesta segunda-feira (21) para o maior valor de fechamento em relação ao dólar desde a mudança cambial de julho de 2005, com o banco central (BC) tolerando a forte alta do primeiro dia de operações após o fim da cotação fixa da moeda diante do dólar.

Poucas vezes na história moderna do yuan o BC se negou a intervir e, aparentemente, a autoridade monetária chinesa quer que o mercado conduza as operações, cumprindo a promessa do fim de semana de permitir maior flexibilidade.

Controle

Mas operadores disseram que é improvável que o yuan repita os ganhos na mesma escala nos próximos dias, com o ponto médio de terça-feira (referência definida pelo BC chinês para as operações no mercado de câmbio) servindo como um importante termômetro sobre o tamanho da apreciação que será permitida pelo Banco Popular da China.

"Não se pode esperar que o yuan dispare 5% em duas ou três semanas, como o ritmo da alta de segunda-feira infere", disse um operador do banco North American em Xangai.

Vários operadores disseram esperar que o BC mantenha o ponto médio na terça-feira, ou mesmo que o eleve em até 50 pontos, para efetivamente controlar quanto o yuan pode subir. É permitido que o yuan suba ou caia 0,5% ante o ponto médio, mas a moeda raramente oscilou para os extremos dessa variação.

O yuan fechou a 6,7976 por dólar nesta segunda-feira, com valorização de 0,42% ante o fechamento de sexta-feira, a 6,8262 yuans. Durante as operações, a taxa chegou a subir a 6,7958 yuans, recorde desde a mudança cambial, com alta de 0,47%, e muito próximo do limite de 0,5% adotado pelo BC.

Sob intensa pressão para agir antes da reunião do G20 no Canadá mais tarde nesta semana, a China encerrou a fixação do yuan ao dólar — uma medida de emergência usada para proteger a economia da crise financeira global e da recessão resultante.

Sem mudanças

O banco central chinês descartou no domingo uma mudança cambial similar à de julho de 2005 e disse que não há base para uma apreciação grande, acrescentando que manterá a taxa de câmbio em um nível basicamente estável.

Antes do início dos negócios nesta segunda-feira, o banco central estabeleceu o ponto médio diário do yuan no mesmo patamar de sexta-feira — 6,8275 –, decepcionando alguns investidores estrangeiros que esperavam um sinal claro de apreciação.

Porém, o banco não realizou suas frequentemente pesadas intervenções diárias, e bancos chineses e investidores internacionais fizeram o yuan subir com força, sugerindo que o banco central está permitindo que a moeda seja mais conduzida pelo mercado durante o dia.

"Se ele (o BC) quiser, ele pode fazer suas intenções serem claramente sentidas com o ponto médio de amanhã, o que dirá aos mercados o quanto permitirá que o yuan suba em um dia", disse o operador de um banco europeu em Xangai.

Com agências