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Dependente dos EUA, Colômbia comemora bicentenário

A Colômbia comemora nesta terça-feira (20) os 200 anos de sua independência e do fim do sistema colonial, mas, assim como outros países da região, a emancipação ocorreu apenas no campo político. O país vive hoje sob forte dependência dos Estados Unidos.

"Não se pode dizer que a Colômbia é independente", opina o cientista político Jaime Zuluaga Nieto, professor da Universidade Nacional da Colômbia, que cita a "tendência ao consumismo" como uma das influências negativas dos Estados Unidos, que "acabam com a cultura local".

O governo colombiano tem hoje os EUA como principal mercado para suas exportações, tendo enviado 38% de sua produção ao território norte-americano em 2008. As duas nações ainda mantêm ainda acordos comerciais e militares, estes direcionados ao combate ao narcotráfico.

"Temos que trabalhar por uma segunda independência", avalia Zaluaga, doutor em Ciências Políticas, que vê a comemoração do Bicentenário da Independência como um estímulo ao nacionalismo, um sentimento "não muito grande" no país.

No mesmo sentido, o diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos de Valparaíso, no Chile, Leonardo Jeffs, acredita que o processo se limitou ao campo político. "Caímos em um sistema neocolonial", afirma o analista, que considera que a situação vai além da Colômbia, envolvendo "toda América Latina".

Há muitos grupos "que controlam o poder político" e nações que "são alheias a um processo de integração", esclarece. "Chile, Peru, Colômbia e México, por exemplo, são países partidários de investimentos estrangeiros, que optaram por um modelo de economia neoliberal", explica Jeffs.

Marcas dessa "forte dependência" é o impacto que a crise mundial de 2008, que começou nos Estados Unidos, teve nos países citados. Somente no México foi sentida a pior retração econômica em 70 anos, visto que essa nação é muito atrelada a Washington.

Festa

O bicentenário na Colômbia será comemorado em todo o país. O projeto do Ministério da Cultura para marcar a ocasião será o "Grande Concerto Nacional", no qual mais de 400 artistas irão fazer apresentações em 1.104 municípios, interpretando vários ritmos musicais colombianos.

O principal show ficará a cargo do cantor colombiano Juanes, que estará em Quibdó, capital do departamento (estado) de Choco, um dos mais pobres do país, localizado na região noroeste. A data será festejada também em 44 cidades fora da Colômbia.

A ministra da Cultura, Paula Moreno, disse que o espírito de comemoração do Bicentenário "é um grande pretexto para refletir sobre a história" do país.  Moreno explicou que o sentido principal da celebração é a memória, já que o objetivo é que os cidadãos de todas as regiões colombianas – diferentes por questões geográficas, culturais, raciais etc – sintam que o local onde vivem foi incluído na comemoração e deixem de lado o costume ancestral de limitar a data a uma série de atos militares em Bogotá.

"O Grande Concerto Nacional ajudou a aumentar a consciência coletiva sobre o que é a independência", além de "recordar e celebrar a construção desta nação", afirmou. Para comemorar a data, o governo também impulsionou nos últimos dois anos a criação de 32 centros de memória em diferentes municípios, para que cada lugar construa sua história local a partir dos próprios valores.

O historiador colombiano e assessor do Ministério da Cultura para as festas do Bicentenário, Germán Mejía, disse que a celebração de amanhã estará focada "na diversidade, na inclusão, na pluralidade e na participação" cidadã.

Por sua parte, a ministra declarou que espera que daqui a 100 anos, quando o país comemorar os três séculos de independência, os habitantes se lembrem da comemoração de amanhã como "uma grande mobilização social".

Além da Colômbia, Chile e México também comemoram o Bicentenário neste ano. Bolívia, Equador, Venezuela e Argentina já celebraram a data.

Com Ansa