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Alarcón: presos libertados podem ficar em Cuba

O presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, disse que poderia haver mais libertações de presos políticos que as 52 anunciadas e que os ex-detentos, se o desejarem, podem permanecer na Ilha, numa entrevista com a AFP, esta terça-feira em Genebra, Suíça.

 Alarcón recordou que nas conversações entre o governo de Raúl Castro e a Igreja católica ficou claro que a vontade do governo cubano é de indultar e tirar do cárcere todas as pessoas sobre as quais não pesem crimes de sangue.

"Segundo sua Eminência Reverendíssima, o cardeal Jaime Ortega, nas conversações ficou claro que a vontade do governo cubano é de tirar todas as pessoas” sob a condição ‘‘que não pesem sobre elas responsabilidades da vida de outras pessoas'', disse Ricardo Alarcón, que participa em Genebra de uma reunião de líderes parlamentares de todo o mundo.

Ao se lhe perguntar se podia confirmar a possibilidade de libertar pessoas que não estejam vinculadas a esse tipo de crimes, Alarcón respondeu: "Claro! ''.Também deixou aberta a possibilidade de que os presos que não queiram viajar ao exterior permaneçam na Ilha.

"O que diz o acordo é que poderão viajar ao exterior (…), porém em Cuba há pessoas que foram libertadas da prisão faz anos e que estão em sua casa. Ocorre o mesmo nesse caso'', declarou. O governo cubano se comprometeu a libertar gradualmente, num prazo de quatro meses, a 52 presos políticos, depois de um diálogo entre o cardeal Ortega e Raúl Castro.

Na semana passada chegaram a Espanha 11 ex-prisioneiros com suas famílias e nesta terça-feira, 20, deveriam chegar outros oito, porém a viagem foi adiada por falta de lugares nos vôos regulares, segundo indicou à AFP em Madri uma fonte do ministério espanhol de Negócios Exteriores.

Os 52 opositores eram os que permaneceram presos de um grupo de 75 pessoas condenadas, em 2003, a penas que variavam de 6 a 28 anos de cárcere. De acordo com cálculos da ilegal, porém tolerada Comissão Cubana de Direitos Humanos, com a libertação dos 52 opositores ficariam 115 presos políticos na Ilha, aos quais o Governo qualifica de mercenários' a serviço dos Estados Unidos. Trata-se das libertações mais importantes desde que Raúl Castro tomou o governo, faz quatro anos.

Alarcón pediu relativizar a cifra de 167 presos políticos, alegando que nela há “pessoas que foram capturadas em Cuba depois de haver colocado bombas''.

"Os chamados opositores se fazem o que fizeram em Cuba, por exemplo se o fazem na Suíça, estariam reclusos por muito mais tempo. Trabalhar sob as ordens de um governo estrangeiro para derrocar o governo da Confederação Helvética, ou o governo da República Francesa ou dos Estados Unidos, a pena poderia chegar até a pena de morte'', declarou.

Referiu-se em particular entre outros casos à morte de Fabio di Celmo, um jovem italiano que morreu em setembro de 1997, vítima da explosão de uma bomba em um hotel de Havana, onde se hospedava, numa série de atentados terroristas contra instalações turísticas em Cuba.

"Curiosamente, os nossos críticos falam de uma lista (…) Por quê não dizem que estão pedindo a liberdade daquele que assassinou Fabio di Celmo (…)?, se perguntou.

Com AFP